O Google celebrou nesta terça-feira, 26, dez anos do seu sistema operacional Android no Brasil. A companhia comemorou especialmente a variedade e a visão que o ecossistema tem sobre a plataforma, uma vez que 77% de respondentes de uma pesquisa online do Google no Brasil disseram que veem o OS como o mais presente, com mais diversidade de produtos e que atendem suas necessidades.

“Fazer um sistema operacional aberto foi um novo paradigma no Google. Um OS que era inclusivo para fabricantes e desenvolvedores. Mais devices entraram no mercado, mais consumidores, mais apps, e isso fez com que chegássemos onde estamos hoje”, disse Flávio Ferreira, diretor de parcerias do Android na América Latina. “Hoje temos um ciclo de novidades muito mais rápido nesse mundo mobile”.

Dentro desse ecossistema, o Google tem atualmente 1,3 mil marcas que fornecem 24 mil tipos de dispositivos, além de mais de 1 milhão de apps na Google Play e 2,5 bilhões de equipamentos com o OS no mundo.

Brasil

No cenário brasileiro, Maia Mau, head de marketing em Android na América Latina, apresentou dados da pesquisa feita com mais de 2,4 mil pessoas de todas as regiões do País. Nela revelou-se que 85% dos brasileiros tiveram o primeiro smartphone com Android, e 71% acessaram a Internet pela primeira vez via OS do Google.

“Para os nossos consumidores, o Android é acesso à informação e às oportunidades”, disse Mau. “Conseguimos levar mais pessoas a esse ecossistema móvel e democrático nos últimos anos”.

Os respondentes revelam ainda que 77% dos consumidores usam serviços bancários no Android; 70% leem notícias; 65% usam serviços de mobilidade urbana; 51% de educação; e 44% serviços públicos. Além disso, seis em cada dez usuários se preocupam com o bem-estar digital, e cinco em dez já usaram alguma ferramenta de controle de tempo dos seus handests.

Aplicativos

Maia Mau, head de marketing em Android na América Latina

Durante sua apresentação no Google, Mau reverenciou os outros players do ecossistema, como fabricantes de dispositivos e desenvolvedores de apps. É o caso do iFood (Android, iOS), que compartilhou por meio de seu gerente de produto, Bruno Parizotto, alguns impactos que o Android trouxe para a operação e para seus participantes.

“O iFood se beneficiou da comunidade Android. O iFood nasceu lá em 2011. Naquela época, nós comemorávamos 12 mil pedidos/mês (com 12% de penetração de smartphone). Hoje fazemos em média, 650 mil pedidos por dia. Cruzamos 21,5 milhões de pedidos só em setembro”, disse o executivo do marketplace.

“É um impacto que trazemos aos restaurantes e aos entregadores. Hoje temos 80 mil entregadores cadastrados e mais 230 mil entregadores trabalhando direto com os restaurantes. Em um ano, saltamos de 46 mil para 116 mil restaurantes cadastrados. Desses entrantes, a média deles é que o faturamento cresce 50%”, completou Parizotto.

Handsets

Outro exemplo de crescimento neste meio é a Motorola. De acordo com José Cardoso, gerente geral da fabricante no Brasil, o sistema operacional contribuiu para a redução de preços dos dispositivos, mas também para a evolução da tecnologia móvel no mundo. “A Motorola começou com o Android em 2009. E virou padrão dos produtos. Antes, a empresa tinha quatro sistemas operacionais. Imagina a quantidade de engenheiros, de gastos e a relação com operadoras para manter esses quatro sistemas?”, questionou Cardoso.

Na visão do gerente geral, o sistema operacional do Google deu espaço para o lançamento de handsets como o Moto G e o Moto X em 2013, smartphones que trouxeram soluções de voz e preços mais baratos. Também proporcionou o desenvolvimento de ferramentas como os aplicativos do Moto Ações e o Dual SIM.

Underdog

Mas não é apenas aos grandes líderes que o Android deu espaço. De acordo com a GSMA, o Android contribuiu para a queda do custo do celular em 36% no Brasil entre 2012 e 2017, o que possibilitou a entrada de mais players no mercado de fabricantes móveis. Um desses casos é a Positivo. Se hoje um terço de suas receitas vem das vendas de dispositivos com o OS Google, em 2010 a companhia era líder em PCs e apenas caminhava em sua jornada no mobile.

“Peguei bem essa transição, do PC para mobile. A empresa era líder de mercado em computadores em 2010. No início achávamos o Android mais parecido com o x86 (arquitetura de PC antiga)”, disse Norberto Maraschin, vice-presidente de mobilidade na Positivo Tecnologia. “Para nós, o desafio foi entender que fazer Android não é igual a fazer PC. Hoje temos 45 engenheiros dedicados e trabalhamos lado a lado com o Google”.

“A Motorola sempre foi gigante. Ajudou a democratizar o segmento móvel. Mas a Positivo é uma empresa pequena de pouca escala e que tenta fazer algo grande”, completou. “Um exemplo disso é o Android Go (versão para smartphones mais baratos e menos potentes com até 1 GB de RAM). Acontece que no Brasil e na Índia, uma grande parcela da população precisa de uso básico ou devices mais acessíveis. Como não temos uma escala grande para competir lá em cima, nós temos que entrar nesses nichos”, acrescentou.