O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em conferência internacional de investidores nesta segunda-feira, 5, em Los Angeles, a expectativa de lançar a política de data centers no Brasil, como já antecipado por sua equipe, a partir de condições tributárias diferenciadas.

“Para a área de data center, resolvemos antecipar os efeitos da reforma tributária já aprovada pelo Congresso Nacional, por emenda constitucional, ou seja, uma coisa absolutamente sólida do ponto de vista institucional”, disse Haddad, em entrevista concedida no palco do Milken Institute Global Conference.

O ministro explicou que a ideia é “permitir que todo investimento no Brasil, no setor [de data centers], seja desonerado, e toda a exportação de serviços a partir dos data centers também seja absolutamente desonerada”.

Em relação à economia digital, Haddad também destacou que “temos o marco regulatório sendo trabalhado hoje no Congresso Nacional”. “Tem algumas questões que precisam ser resolvidas ainda este ano: a preocupação com direitos autorais, preocupação com a concorrência, preocupações legítimas, mas eu acredito que a equipe econômica e o Congresso Nacional, sobretudo os relatores que foram designados para tratar desses assuntos, estão muito sintonizados com os desafios do crescimento da economia digital”, acrescentou o ministro.

Economia digital e verde para data centers

A campanha do chefe da Fazenda é por uma economia “simultaneamente, digital e verde”. “É nisso que nós estamos trabalhando: prover os data centers de energia limpa e processar os dados com segurança cibernética, com segurança jurídica”, concluiu.

Questionado sobre os setores que representam oportunidade de investimento, o ministro citou o de infraestrutura (rodovias, portos, aeroportos e ferrovias). Ele também chamou atenção para o desenvolvimento industrial e o setor de logística.

Entre os exemplos de aportes privados mais recentemente anunciados no Brasil, destacou os R$ 34 bilhões do plano do Mercado Livre.

Brasil e EUA

Ao responder sobre qual é a estratégia econômica do governo brasileiro diante do atual “complexo cenário global”, Haddad disse que “independentemente dos desafios globais”, o Brasil “está em uma posição muito favorável, porque os princípios que defende são aderentes à necessidade de uma reglobalização sustentável”.

“O Brasil defende o multilateralismo. O Brasil tem todas as parcerias consolidadas com Sudeste Asiático, Europa, Estados Unidos, Mercosul, tem ótimas relações com os grandes blocos econômicos. Acabamos de fechar um acordo com a União Europeia. Temos interesse em nos aproximar mais dos Estados Unidos. Fizemos isso na administração Biden, faremos isso na administração Trump”, afirmou.

Para Haddad, “a América do Sul é um território geopolítico muito favorável ao investimento”, pois “representa a segurança jurídica, política e energética sustentável”.

Além da participação na conferência, constam na agenda do ministro para esta segunda-feira reuniões com o CFO do Google, Ruth Porat, e o CEO da NVIDIA, Jensen Huang.

No último domingo, 4, ele se reuniu com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent. De acordo com publicação do Ministério da Fazenda, houve uma demonstração de abertura de diálogo sobre tarifação e que há tentativa de negociar “os termos de um entendimento”.

Haddad fica nos EUA até amanhã, quando se encontra com executivos da Amazon. O itinerário fora do país se encerra na Cidade do México, na quarta-feira, 7, onde está prevista reunião com secretário da Fazenda e Crédito Público, Edgar Amador Zamorra.

Imagem principal: Fernando Haddad durante participação no Milken Institute Global Conference. Foto: Reprodução/Transmissão Milken Institute

 

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