O cofundador da LiveMode, Sergio Lopes, afirmou que a entrada da CazéTV trouxe um novo público para as transmissões esportivas. Em conversa com Mobile Time nesta sexta-feira, 13, o executivo afirmou que a negociação de direitos de torneios esportivos é antiga e não mudou, mas o diferencial da empresa foi trazer um público jovem para este universo e um novo modelo de negócios.
Como um projeto de entretenimento, não de informação, a LiveMode chegou ao mercado após os executivos venderem o Esporte Interativo para a Warner. O business model da empresa é ser “parceiro das entidades esportivas” em um universo para navegar no mundo da TV e do digital (OTTs).
“Escolhemos o que vai continuar sendo transmitido na televisão, negociamos os direitos, produzimos esses direitos centralmente, incluindo redes sociais, e vendemos para as marcas e o patrocínio de tudo isso. Mas na hora que está espalhado é preciso ter a mesma identidade visual que vai para todos os meios”, detalhou Lopes.
O principal projeto da LiveMode se baseia no influenciador Casimiro Miguel. A CazéTV no YouTube teve seu começo a partir da Copa do Mundo do Catar em 2022. Criado oficialmente a 40 dias do torneio de futebol masculino, o canal saltou do zero para 1,7 milhão de usuários inscritos no começo dos jogos e terminou aquela cobertura com 7 milhões.
Mas o mais importante foi a avaliação pós-copa, que revelou que 65% do público tinha entre 18 e 34 anos de idade. Ou seja, a CazéTV se tornou um canal de mídia digital e eletrônica relevante para conversar com essa população. Atualmente, o canal conta com 20 milhões de usuários inscritos apenas no YouTube. Isto em um universo em que o conteúdo de futebol na plataforma de vídeo do Google cresceu 35% entre 2023 e 2024.
CazéTV at all
Paralelamente, a CazéTV avança além do YouTube para outras mídias, como a Samsung TV, Amazon e, nesta semana, Disney+ (com o Mundial de Clubes da Fifa) e Sky+, algo que o narrador Luiz Felipe Freitas afirmou que ocorre para estarem mais próximos do público o tempo todo.
Durante o Festival Itubers, evento organizado pelo Itaú em São Paulo nesta sexta-feira, 13, Lopes respondeu que a expansão para essas mídias não significa que a CazéTV fará uma grade de programação tradicional, uma vez que muitas dessas plataformas trabalham com oferta sob demanda.
A única exceção é a Samsung TV, que exige uma programação. Neste caso, a LiveMode coloca uma série de reprises dos eventos esportivos e programas do acervo da CazéTV.
Marcas e mercado
No relacionamento com marcas e o mercado publicitário, Lopes explicou que o trabalho no digital é um ambiente novo para todas as marcas e que, apesar de as empresas atuarem com influenciadores digitais desde a última década, o passado era de uma entrega similar à TV, sem relação com a marca ou com este novo público que consome conteúdo no digital.
Para este momento, a ideia da Live Mode e da CazéTV é trabalhar com “autenticidade da conversa”, que Casimiro e a equipe trazem misturada com o conteúdo esportivo. Na visão do cofundador da mediatech essa combinação traz para as marcas uma “carga de atributos positivos que não é quantificável”, mas é “positiva”.
Um exemplo citado pelo executivo foi a Hellmans Supreme, após exibição de propaganda na CazéTV durante os jogos olímpicos, a marca de maionese apareceu como uma das dez marcas mais amadas do Brasil ao final de 2024.
Com isso, a LiveMode quer quantificar essa carga positiva: “Estamos começando o trabalho de medir o impacto. Pegamos todos os chats para entender o que é conversado nos chats do YouTube. 17% (das conversas) têm menção a marcas na transmissão. Nunca a TV tanta menção de marca em uma transmissão”, explicou.
IA, futuro e mobile
Questionado se a CazéTV e a LiveMode estão usando inteligência artificial de alguma forma nas transmissões, o cofundador da empresa disse que não pode comentar no momento. Mas acredita que a IA fará parte do dia a dia das pessoas e isso afetará a forma como produz conteúdo ou como o conteúdo é consumido, vide a maneira que os algoritmos vão funcionar nas redes sociais.
Mas reforça que o principal é a entrega do conteúdo esportivo para o espectador: “O esporte vai continuar a ser o conteúdo mais importante nesse mundo de mídia fragmentada (TV e digital). Ele é o conteúdo mais importante e vai continuar sempre”, disse.
“Você pode ter momentos de breaking news. Notícias de guerra, por exemplo. Alguns reality shows vão também andar em alguns momentos, mas o esporte vai ser sempre o conteúdo que vai atrair a atenção das pessoas por qualquer meio que você estiver consumindo: televisão, digital, plataforma de streaming e redes sociais”, prevê, ao reconhecer que pode fazer spin-off de conteúdos como a Kings League, um torneio de futebol com regras mais interativas.
O executivo também foi perguntado como se adaptam à entrega em diversas plataformas como o mobile. Explicou que veem a produção como uma só e que é adaptada para cada tela. Um exemplo de adaptação de tela foi o placar dos jogos que foi alterado para ficar mais legível em telas menores.
Imagem principal, da esq. para dir: Luiz Felipe Freitas, narrador da CazéTV; Sérgio Lopes, cofundador da LiveMode; Pedro Smith, diretor de marketing do Itaú (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)