Quando pego um ônibus ou estou no meio de uma multidão, reparo que muita gente passa o tempo no celular e, entre essas pessoas, muitas estão assistindo a vídeos.

Eu nunca fui de assistir a muitos vídeos, muito menos no celular, e menos ainda usando a conexão móvel, da operadora, que cobra com base em franquias de dados. O mesmo com redes sociais e outras aplicações que consomem muitos dados.

A julgar por essa amostragem super limitada do meu cotidiano, sou um ponto fora de curva. Ser assim resulta em um baixo consumo de dados móveis, entre 1 e 1,5 GB/mês.

Fazia muito tempo que usava um plano do tipo “controle”, com mensalidade fixa. Mesmo sendo o plano mais barato da operadora, ainda sobravam muitos gigabytes de dados ao virar o mês. Se houvesse um plano com metade dos benefícios (e que custasse metade do preço), eu o usaria sem sustos, mantendo ainda uma larga folga na franquia de dados.

Era essa a situação em que me via quando, no Órbita, o fórum de debates do meu blog, topava com conversas a respeito do Vivo Easy, o plano digital da Vivo sem mensalidade e com franquia de dados cumulativa, o tipo de coisa pouco divulgada e que talvez nem faça mais sentido à maioria das pessoas (pois, vídeos). Para mim, porém, estava óbvio que esse modelo alternativo de cobrança poderia representar uma bela economia.

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Resisti à migração pelo receio da mudança. Ligações interurbanas, para outros DDDs? (Funcionam numa boa.) Será que existe alguma outra desvantagem óbvia que estou deixando passar?

Há pouco menos de um ano, em agosto de 2024, dei um salto de fé e fui para o Vivo Easy. Na ocasião, coloquei pouco mais de R$ 50 em créditos, o que me valeu 10 GB de dados e algumas diárias de ligações+SMS.

Essa é a primeira desvantagem, uma de que estava ciente: no Easy, ligações são cobradas por “diárias”, um valor fixo que é cobrado quando uma ligação é feita (recebidas não contam) ou um SMS enviado. Seja uma ou cem ligações, o valor é o mesmo. Acho o modelo ruim, mas faço poucas ligações e passei a priorizar chamadas por apps como Signal e FaceTime. No fim das contas, não me afetou muito.

Outra desvantagem é o status do Easy dentro da própria Vivo. Parece um negócio secundário, quase esquecido e/ou que parece sabotado. Por exemplo, é preciso baixar e usar um aplicativo à parte, bem pior que o padrão (que já não é lá essas coisas). Campanhas e promoções que bonificam o cliente pela contratação de “combos” (plano para o celular e banda larga fixa, por exemplo) excluem o Easy. É como se fosse uma operadora à parte.

Outro exemplo: algumas funcionalidades “self-service” nos planos com mensalidade da Vivo não podem ser executadas no Easy. Uso um eSIM no meu celular. Quando troquei de aparelho, no início do ano, tive que ir a uma loja física da Vivo fazer a migração. Em um plano “controle” (ou pós-pago), conseguiria fazer a migração sozinho, pelo app da Vivo.

Não me escapou a ironia de me ver obrigado a ir a uma loja física sendo eu cliente de um plano que se diz “digital”.

Apesar da experiência de segunda classe nos pontos de contato com a operadora, a qualidade do serviço é idêntica à do plano “controle” que usava antes. O que, para mim, está ótimo.

Continuo econômico no consumo de dados. Se estou fora de casa quando recebo um vídeo da minha sobrinha fazendo graça, espero chegar em casa para baixá-lo pelo Wi-Fi. A paciência nos leva longe (e economiza uns trocados). Por outro lado, não fico regulando o consumo quando é algo importante ou urgente. Se tenho algo relacionado ao trabalho para fazer fora de casa, ou conectar o notebook roteando o acesso pelo celular, sem problemas.

Em números, a troca foi super vantajosa. Passei oito meses com aqueles 10 GB, ou seja, um gasto mensal médio de R$ 6,50. Comparado ao que eu pagava no plano “controle” (R$ 35/mês, fruto de uma promoção de Black Friday), é uma economia de 81%. Se comparado ao preço atual do plano “controle” mais em conta da Vivo, de R$ 59 (eita!), a economia é de 89%.

Quando meus dados acabaram, em abril deste ano, enfiei o pé na jaca e comprei 100 GB por R$ 270. Nesse valor, a Vivo retorna R$ 100 em cashback, que usei para comprar mais dados e 30 diárias de ligações+SMS. Se mantiver a média de gasto dos oito primeiros meses de Vivo Easy, só daqui sete anos terei que gastar outra vez com dados móveis.

Acho que entendo por que a Vivo meio que escanteia o Easy e, mesmo dentro desse, enche tanto o saco para que as pessoas migrem para o Easy Prime, que mantém o acúmulo de dados após virar o mês, mas institui uma mensalidade. Pessoas com o meu perfil são dinheiro deixado sobre a mesa.

Imagino que o Vivo Easy não durará para sempre. Espero que dure pelo menos os sete anos que pretendo levar para gastar os dados que já comprei.

 

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