A Surf Telecom acredita que o iFood (AndroidiOS) tem potencial para ser uma de suas três maiores operadoras virtuais móveis (MVNOs). Em conversa exclusiva com Mobile Time, Mauro Motoryn, diretor de desenvolvimento da companhia, detalhou a oferta lançada de planos de telefonia pré-pago para entregadores da plataforma de delivery nesta quinta-feira, 25.

O executivo explicou que a sua companhia acredita que en razão da necessidade da prestação de serviço de conectividade do iFood para entregadores essa operação deve crescer “muito rapidamente”, algo que teve seus primeiros reflexos horas depois do anúncio oficial.

“Sem citar números, nós fomos surpreendidos pela alta demanda, muito maior do que a prevista em menos de quatro horas de atuação. Não posso te dar números, mas entupiu. Até o nosso BI [Business Intelligence] teve dificuldades de levantar os números em determinados momentos, tal a fluência de entregadores buscando se inscrever ou adquirir o chip.”, detalhou Motoryn.

“Portanto, (a parceria Surf e iFood) é importante. Sim, é um blockbuster, pretendemos que esteja entre as três maiores operações nossas”, completou, o executivo ao lembrar que possui em seu portfólio MVNOS de Correios, Pernambucanas e Carrefour.

De acordo com dados da Anatel do mês de julho, sozinha, a operação de telefonia móvel dos Correios registrou 760 mil acessos credenciados, a maior do Brasil. Por sua vez, o iFood tem aproximadamente 600 mil entregadores cadastrados.

iFood e Surf

Rocinha

Conectividade Surf na Rocinha, Rio de Janeiro (divulgação)

Lançada nesta quinta-feira, a operação da Surf com o iFood começa na forma de parceria. Como o iFood ainda não está credenciado como MVNO na Anatel, as vendas neste começo acontecem com chips da Surf. Mas depois a ideia é que a empresa de delivery receba a licença e atue efetivamente como MVNO.

“Não é só um plano (do iFood). Começa como um plano de telefonia móvel, mas é um contrato de parceria, em função da velocidade do lançamento. Ela nasce com todas as características de uma operadora celular independente. Um plano, rede, o nome da rede, o chip. Mas (em teoria) ela já é uma MVNO credenciada nossa. Já demos a entrada na Anatel”, explicou.

Construída ao longo de um ano e desenhada pelos dois lados, a oferta de planos do iFood  é focada em entregadores cadastrados na plataforma. Neste começo, a empresa de delivery vai subsidiar o plano mais avançado do portfólio (20 GB de dados, WhatsApp e Waze com zero rating) gratuitamente para os profissionais da categoria ‘Super Diamante’. A partir de meados de outubro, um plano com 15 GB e acesso ilimitado a WhatsApp e Waze será disponibilizado aos usuários da categoria ‘Gold’ do iFood por R$ 15 mensais. E, em novembro, o plano do Diamante será oferecido ao restante da base por R$ 25 ao mês.

A oferta de conectividade será feita por link enviado pelo app dos entregadores do iFood (Android). Podendo acessar a oferta com SIMCard ou eSIM, a conectividade móvel é prioritariamente da TIM, mas poderá ser apoiada pela infraestrutura da Surf que está presente em algumas cidades e localizações de baixa de renda (sítios populosos de menor infraestrutura social), como favelas.

Na gestão e controle do acesso, o iFood Chip terá um aplicativo e site dedicados. Por meio desse app, o usuário que é elegível ao plano Diamante será automaticamente elegível para gratuidade. O restante da base pode adquirir o plano de R$ 25 e deixar programado uma recorrência mensal ou pagar de forma avulsa.

Motoryn explicou que o trabalho com o iFood não será diferente daquele que oferecem a outras MVNOs de grandes marcas, sociais e de ISPs no interior do Brasil, inclusive com equipe de atendimento dedicado para os entregadores da plataforma.

“Para o iFood, como para todas as nossas MVNOs, nós temos uma central de atendimento exclusiva para o entregador do iFood. Atende como iFood e trata como iFood. Em outras palavras, os nossos SLAs estão perfeitamente definidos para que o entregador se sinta no ambiente da empresa que lhe presta serviço. Isso passa tranquilidade e segurança”, disse. “Então, até esse cuidado nós tivermos para que a prestação de serviço seja ideal e ele se sinta sempre dentro do ambiente iFood”. disse.

O diretor de desenvolvimento da Surf afirmou ainda que o acordo com o iFood não é exclusivo. Mas acredita que há possibilidade de fortalecer a parceria no futuro, inclusive com a possibilidade de criar outros produtos de conectividade:

“O iFood deu o primeiro passo na área de telefonia. Sempre foram pioneiros em tudo que fizeram. Entrega, oferta de produto, essa primazia e pioneirismo fatalmente os levará a decisões que nós queremos acompanhar. Então, depende da gente? Depende. Mas depende muito mais do iFood e nós seguiremos aquilo que eles sempre fazem, que a inovação está em primeiro em tudo”, concluiu.

Trabalho social em conectividade

MVNO

Mauro Motoryn, diretor de Desenvolvimento da Surf. Crédito: divulgação

Motoryn reforçou que o lançamento da iniciativa do iFood mirando em prestar um serviço de qualidade em conectividade para entregadores tem sinergia com a especialidade da Surf que é atender a população de menor poder aquisitivo que necessita usar a rede celular de forma intensa em seu trabalho.

“Estamos fazendo um serviço independente dos objetivos econômicos. Tem um objetivo que vem de acordo com aquilo que deu origem à criação da Surf: o propósito de servir uma população brasileira que usa o pré-pago e necessita do uso intenso do celular”, explicou ao lembrar que a operadora atende MVNOs com cunho social, como Cruz Vermelha, Alo Social e Paraisópolis Celular.

Explicou ainda que esse desenvolvimento e a relação com esse público vem do histórico da companhia e das necessidades de atender o plural público brasileiro: “Aprendemos com a Uber. Mas eu aprendi também com o Boticário, que tem a mesma característica. A revendedora do Boticário tem a mesma característica do Uber e do iFood. Mas nós aprendemos mais com o Brasil”, disse.

“O maior volume de microempreendedor individual (MEI) do mundo é no Brasil. E ele é usuário de telefonia celular. Ele precisa de um celular de qualidade. Ao mesmo tempo é de baixa renda, trabalha no farol, nas praias, nas ruas. O brasileiro é basicamente um microempreendedor”, completou.

O executivo reforçou ainda o trabalho que a Surf vem fazendo com os provedores de internet (ISPs), um segmento que tem bastante potencial para levar a conectividade para os rincões do Brasil.

“Temos um potencial muito grande de usuários (ISPs) que têm condições de vir a trabalhar com as nossas MVNOs. Sim, nós queremos as grandes marcas. Mas nós também queremos a grande quantidade de pequenos clientes que há no Brasil. Essa é a característica da Surf”, completou, ao lembrar que trabalham com 400 ISPs e mais de 100 MVNOs.

 

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