As operadoras móveis em todo o mundo vivem um processo de “consolidação furioso”. E esperar que, no Brasil, a competição venha das regionais – como afirmou Carlos Baigorri, presidente da Anatel – é inviável. A avaliação é de Olinto Sant’Anna, presidente da Abratual (Associação Brasileira de Operadoras Móveis Virtual), que conversou com Mobile Time nesta sexta-feira, 17.
“Dizer que a concorrência entre as empresas de telecom virá com o avanço das regionais é uma defesa daquilo que Baigorri sempre capitaneou. Foram vendidas licenças às prestadoras regionais e sua opinião defende o legado que a agência optou sob sua presidência. Mas isso não muda o fato de que é uma opinião completamente equivocada”, afirma Sant’Ana.
O presidente da Abratual lembra que a entidade apresentou recursos contra o novo PGMC (Plano Geral de Metas de Competição) e espera que surtam algum efeito positivo às MVNOs, que foram deixadas de lado no texto atual.
“As regionais são absolutamente inviáveis. Vamos deixar o consumidor brasileiro pagar pelo erro da agência? E todos os ISPs vão pagar por esse erro”, comenta.
Leilão de 700 MHz: privilégio às regionais que não se sustenta

Olinto Sant’Ana, presidente da Abratual. Crédito: divulgação
Sant’Ana vê como mais um privilégio o leilão de 700 MHz, que deve acontecer neste ano, favorecer ainda mais as prestadoras regionais. Mas, para ele, privilegiar as regionais, que já levaram espectro no leilão de 5G – como Unifique, Brisanet e Algar –, não vai dar em nada. “É engordar o porco para vendê-lo”, resume.
“O quanto de privilégio essas empresas vão receber do governo, às custas da sociedade, para depois o quê? Serem vendidas? É lamentável defender uma decisão equivocada e que a gente tenha que persistir no erro”, comenta.
Abratual pode acionar Cade
A Abratual espera que os seus recursos sejam atendidos pela própria agência. Mas, caso não sejam acatados, a entidade já vislumbra entrar com recurso no Cade e não descarta a possibilidade de judicializar a questão.
O presidente da Abratual avalia que o argumento da agência seria incentivar a expansão das redes no país. “Mas é dinheiro posto fora”. “Quem vai pagar isso é o contribuinte brasileiro – e já paga com os aumentos de preços das operadoras depois da venda da Oi”, lembra. “Até quanto o país vai pagar a conta do erro da venda dessas licenças regionais?”, questiona.