A MediaTek vê atualmente a oportunidade de acelerar a oferta de tecnologias avançadas de redes Wi-Fi e prevê uma evolução das redes sem fio, dos padrões Wi-Fi 5 para o 6E e, eventualmente, para 7, algo puxado pelas principais operadoras e pelos provedores de pequeno porte.
“A transição do Wi-Fi 5 para 6E e 7 está acontecendo agora. Não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina”, disse Russ Mestechkin, vice-presidente adjunto de vendas e desenvolvimento de negócios para as regiões das Américas e da Europa da empresa.
Para esta transição, O VP da companhia de semicondutores afirmou que apesar de estar em toda região, o Brasil lidera por ser o mais país com mais “apetite tecnológico”. Em complemento a isso, há sete fabricantes entre players focados em abastecer o mercado brasileiro, o que inclui aqueles que importam, mas também empresas brasileiras que trazem modelos de fora (OEMs) e fabricam aqui.
Importante lembrar que a Vivo começou uma oferta comercial em setembro com Wi-Fi 7 e TIM iniciou uma degustação desta tecnologia para consumidores da UltraFibra no mesmo mês.
Educação do Wi-Fi
O xis da questão para Mestechkin é a educação sobre a tecnologia. Em sua visão, a evolução do Wi-Fi para o consumidor não pode ser baseada em velocidade, mas como uma oportunidade de entregar melhores experiências no acesso ao cliente, ao mesmo tempo que melhora a qualidade do tráfego de rede nas grandes cidades e colabora para o offload das redes celulares 5G.
O executivo lembra que em muitos casos, o problema do Wi-Fi nas versões mais antigas (5 e 4) não é apenas a velocidade contratada, mas a interferência e o caos na conexão, algo que não deve acontecer nos modelos mais avançados por terem tecnologias como antenas MIMO, agregação de banda e principalmente pelo sinal não passar por paredes de prédios.
Sobre o offload da rede, o VP da MediaTek afirmou que um parceiro fabricante de smartphones revelou que nos Estados Unidos, o usuário fica a maior parte do tempo (74%) conectado à rede Wi-Fi contra apenas 26% na rede celular. O que demonstra que, para o consumidor, não adianta ter um handset potente com uma rede Wi-Fi ruim, ou não terá a total capacidade da experiência na maior parcela de seu uso. E que, portanto, a migração para Wi-Fi 6, 6E e 7 é vital para garantir a experiência do uso também da rede móvel para as operadoras.
O executivo diz que isso foi feito a partir de pesquisa e testes no Wi-Fi, inclusive ao colaborar para padronizar o Wi-Fi 6 e 7, algo que também deve ser feito com o Wi-Fi 8, uma tecnologia que está em desenvolvimento e que a MediaTek também quer liderar nas provas.
FWA
Uma outra iniciativa que a MediaTek observa é o Fixed Wireless Access (FWA). A companhia quer replicar o projeto que teve nos EUA e Europa, que é usar o investimento massivo para entrar no mercado de banda larga residencial com outro dispositivo. A companhia tem como grande caso de uso a T-Mobile que possuía 6,4 milhões de assinantes em março deste ano, segundo a Ookla, e mira 12 milhões de assinantes até 2028. Também avançam na Europa com europeus, como Telefónica, Deutsche Telekom e Orange.
Mas acredita que no Brasil ainda trabalho a ser feito e vê como desafio o FWA já que, diferentemente dos EUA:
- Tem infraestrutura de fibra ótica bem distribuída, o que diminui a demanda pela tecnologia sem fio baseada no 5G;
- O 5G na região ainda não tem excesso de capacidade;
- E o fato de as operadoras terem uma estratégia menos agressiva no Wi-Fi residencial, se comparada com a oferta de planos móveis.
Para Mestechkin, o FWA ainda deve ser trabalhado em conjunto com o Wi-Fi 7, assim o consumidor tem incorporado toda a capacidade tecnológica. Também vê oportunidades em avançar com esta tecnologia via ISPs.
Imagem principal: Ilustração produzida por Mobile Time com IA.
