“Melhor câmera do mercado”, “smartphone mais parrudo do Brasil”, “chega para assustar a concorrência”. Calma lá. Há uma série de ressalvas antes de o consumidor se endividar e comprar o Huawei P30 Pro, o smartphone apresentado ao mercado brasileiro na última terça-feira, 30. Ele tem suas qualidades, mas não está longe de outros produtos premium presentes no País.

Mobile Time foi convidado pela fabricante junto a outros jornalistas e influenciadores do mercado mobile para testar por 15 dias o Huawei P30 Pro. Falarei sobre minhas impressões neste breve artigo, uma vez que o teste não foi muito longo.

Câmeras

Foto feita com baixa luminosidade

Vamos começar com o principal chamariz do handset: a potente câmera tripla da Leica. O P30 Pro tem a melhor câmera do mercado nacional. Não falo isso pelo modo moonshot (foto da lua) que o dispositivo possui, mas pela qualidade que entrega em transformar qualquer imagem em uma obra de arte. Aqui, o meu destaque dentre as funções de inteligência artificial é aquela que possibilita transformar a foto em uma pintura.

Para quem gosta de tirar selfie, a câmera frontal de 32 MP também não decepciona. Arrisco dizer que a IA dele para correção do rosto é a mais fidedigna do mercado, uma vez que o consumidor não fica com “cara de boneca de porcelana” ao usar a função de embelezamento.

Importante frisar que é preciso entrar nas configurações da câmera para tirar a marca d’água das fotos.

Quanto ao vídeo, devo causar uma pequena polêmica: testei o vídeo dela em ambiente de baixa luminosidade e a impressão que tive é de gravação granulada, como se estivesse embaçada. Isso é comum em diversos handsets premium, não é exclusividade da Huawei. Na imagem com alta luminosidade – à luz do dia, por exemplo – a gravação do Huawei P30 responde bem.

Foto no modo lua (moonshot)

Performance

Paisagem na Marginal Pinheiros, São Paulo

Com processador Kirin 980, 8 GB de RAM e 256 GB de espaço, o Huawei P30 Pro é um verdadeiro canhão em performance. Instalei pelo menos 230 aplicativos nele, e o handset não travou. Joguei o Garena Fire ao mesmo tempo que abria uma planilha, lia e respondia e-mails, ouvia música no Spotify, tirava foto da lua, deixei o Stories do Instagram rodando, e a experiência foi fluida e sem aquecimento do dispositivo.

O leitor na tela e a interface do usuário, EMUI, são minhas únicas ressalvas neste quesito. Por várias vezes, os meus dedos não eram reconhecidos pelo leitor na tela. E a EMUI por gestos não reconhecia algumas das movimentações, como puxar de cima para baixo para mudar de aplicativos.

Design e tela

O design metálico com cor gradual, sim, é muito bonito e está virando uma tendência no Brasil. Não é novidade, mas uma movimentação que vem da China desde 2018. Isso pode ser percebido principalmente na versão anterior do dispositivo, o Huawei P20. Por sua vez, a tela de 6,47 polegadas fica um pouco opaca se utilizada em baixa e média luminosidades. O jeito é usá-la em alta luminosidade grande parte do tempo, algo que consome mais a bateria.

Bateria

A bateria de 4.200 mAh é um capítulo à parte. Esse é um teste que deve ser feito com mais tempo e da seguinte forma: uma semana de uso apenas no Wi-Fi, uma semana no 4G e duas semanas de uso misto. Contudo, o teste foi apenas de 15 dias, então não foi possível ir mais a fundo no quesito “bateria”. Notamos que o dispositivo funciona, em média, durante um dia e meio no Wi-Fi, e um dia no 4G e conexão mista. Agora, o consumidor que comprar o dispositivo precisa saber de antemão que a tomada de carregamento rápido (70% em 30 minutos) é grande e seu cabo USB-C e plugue não conseguem ser usados em outros dispositivos, pois pode dar superaquecimento.

Zoom

Pessoas capturadas com câmera do Huawei P30 Pro em uma varanda, a distância aproximada era de 2 km em linha reta

O zoom digital do Huawei P30 é extremamente potente, ao ponto de você poder ver, fotografar e filmar o que as pessoas fazem dentro de suas casas.

Resumo da ópera

Em um cenário onde os smartphones premium no Brasil são basicamente divididos entre Apple e Samsung, com poucas novidades, a entrada de um novo player é importante para o comércio local. Não estamos levando em conta dispositivos importados, mas, sim, aqueles comercializados oficialmente no País. O valor de R$ 5,5 mil é similar ao Samsung S10+ e bem mais barato que os R$ 7,3 mil dos iPhones XS.

Acredito que a questão principal pela escolha do Huawei P30 Pro está muito mais relacionada aos seguintes fatores: se acostumar com a interface de usuário; necessidade de uma produtividade móvel no dia a dia; usar uma bateria que dure mais de um dia em modo misto; e câmera de alta qualidade para fotos – afinal, dá para substituir uma câmera profissional em funções habituais graças à IA.

Sem essas necessidades no cotidiano, o consumidor não precisa gastar R$ 5,5 mil no dispositivo. É necessário pensar que existem outras opções mais razoáveis no mercado, como o Huawei P30 Lite que custa R$ 2,5 mil. Além disso, há de se pensar em esperar um pouco para comprá-lo, uma vez que os preços praticados no P30 Pro podem baixar depois de possíveis lançamentos de dispositivos da concorrência.