O cenário que se apresenta com a chegada de novas operadoras virtuais de telefonia móvel, as MVNOs, é de aumento da oferta de serviços em segmentos específicos, incluindo campanhas de marketing para fidelização de marcas, diversos setores da indústria que necessitam de uma rede móvel dedicada, entre outras possibilidades.

Para uma avaliação deste novo universo que se apresenta, vamos olhar os números da portabilidade numérica no Brasil que surpreendem quando comparados com outros países. Os atuais números divulgados há algumas semanas pela Associação Brasileira de Recursos em Telecomunicações (ABR Telecom) revelam que, em apenas três meses – de julho a setembro deste ano -, mais da metade das migrações aconteceram na telefonia móvel (63%, ou 948 mil usuários), contra 37% (562 mil usuários) na telefonia fixa.

No Equador, no primeiro ano de portabilidade numérica, apenas 0,4% dos usuários trocaram de operadora. No México, a média é 1% de portabilidade por ano, nos primeiros três anos. A média brasileira supera 1,5% ao ano. Teremos um novo quadro a partir dessa movimentação dos assinantes brasileiros, que são responsáveis por um churn superior ao dobro da média dos países vizinhos. Esse indicador significativo da insatisfação dos consumidores abre uma oportunidade para as MVNOs conquistarem seu espaço e capitalizarem os anseios dos usuários da telefonia móvel que não se sentem atendidos pelos pacotes horizontais das operadoras móveis tradicionais.

Como as MVNOs atuarão em segmentos de valor agregado e com foco em necessidades específicas dos clientes, acreditamos que elas criarão a oportunidade para que as pessoas deixem de ser assinantes de operadoras tradicionais para tornarem-se Clientes (com C maiúsculo) de seus portfólios de serviços a partir de uma ampla gama de ofertas especializadas e inteligentes, pensadas e programadas para a área de interesse de cada consumidor.

Mesmo que as MVNOs utilizem as redes das atuais operadoras móveis, a oferta de serviços será altamente competitiva. A Anatel estima que a taxa de migração fique em torno de 5% de um total de 270 milhões de assinantes até o final de 2012. No entanto, com as novas ofertas de serviços, o usuário colocará na balança se vai manter seu atual provedor ou se migrará para uma oferta mais adequada ao seu perfil. Acreditamos que uma significativa parcela optará pela migração para uma MVNO de sua preferência.