Quem nunca chegou a uma praça de pedágio e, ao abrir a carteira, percebeu que não tinha dinheiro para pagar e seguir viagem? Sem dúvida, já aconteceu comigo! E essa é uma situação constrangedora tanto para o motorista quanto para o operador da cabine. Sem falar no congestionamento que um carro ou caminhão parado no local por muito tempo pode causar.

A boa notícia é que já existe uma solução confiável, prática e rápida para evitar esse tipo de transtorno em algumas vias do País. Desde junho deste ano, o motorista que passa pelo Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), administrado pela Ecovias, pelo Corredor Ayrton Senna/Carvalho Pinto, operado pela Ecopistas, e pela Linha Amarela, administrada pela Lamsa, pode fazer o pagamento por aproximação.

Com a tecnologia que permite esse tipo de transação, o usuário só precisa aproximar do leitor o cartão (crédito, débito, pré-pago) ou qualquer dispositivo móvel (relógio, celular, pulseira) depois que o operador de pedágio digita o valor a ser pago. Esse novo jeito de pagar traz uma jornada mais segura, ágil e conveniente para os milhares de usuários que passam pelas concessionárias. No SAI, até a primeira quinzena de junho, 10% dos condutores utilizaram essa forma de pagamento. Hoje, de acordo com dados da EcoRodovias, do total de pagamentos com cartão, 44% são realizados por aproximação.

Com o aprimoramento do sistema, o tempo de atendimento do motorista, que deve ser de até 12 segundos, de acordo com determinação da Agência de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), passou a ser realizado, em média, em 8 segundos. Trata-se de um grande ganho de agilidade que impacta positivamente na fluidez do trânsito, nos custos das operadoras e, acima de tudo, na experiência do usuário.

Apesar de oficialmente estar em operação há apenas 2 meses, o sistema de pedágios com pagamento por aproximação teve uma longa história até ser implementado, com início em 2019. O caminho até a aceitação desse tipo de pagamento foi marcado por uma série de desafios, que envolvem, entre outros fatores, questões de custo, conectividade, tempo de atendimento, contratos de concessão e segurança das transações.

Em São Paulo, por exemplo, o tipo de equipamento em uso nos pedágios, por determinação da Artesp, não era compatível com o protocolo bancário (EMV). Foi necessária uma adequação do equipamento em todo o sistema para que os terminais fossem integrados e passassem a aceitar também esse tipo de pagamento.

Depois, fez-se um extenso estudo de validação da solução, com participação de todos os players envolvidos, para analisar a efetividade da mudança, de forma a equilibrar as questões operacionais e de infraestrutura com a viabilidade financeira do projeto. O resultado, como os números acima apontam, têm sido satisfatórios e visam oferecer uma solução complementar, dando ao cliente mais uma opção de escolha.

No Rio de Janeiro, em projeto semelhante, o pagamento por aproximação foi implementado na Linha Amarela, um importante eixo viário de mais de 17 quilômetros por onde passam mais de 120 mil clientes por dia. O grande desafio era reduzir o tempo de atendimento nas cabines e garantir uma experiência mais ágil para o motorista. No primeiro mês, quase 10% dos condutores que optam pelas cabines manuais já usam o pagamento por aproximação. Em média, segundo dados da Lamsa, essa pessoa gasta 3 segundos a menos em comparação com o pagamento feito em dinheiro.

É provável que o contexto da pandemia tenha acelerado esse hábito, que, a meu ver, não tem volta. Vejo lá na frente a maior presença de cabines semiautomáticas, em que o sistema identifica o veículo automaticamente, o usuário aproxima seu cartão, a cancela é liberada e ele segue viagem, sem fricção no momento de pagar. Aos poucos, os parques de pedágios estão se estruturando para desenhar o futuro da mobilidade, com tecnologias mais seguras e inovadoras.