Você está me lendo na Mobile Time. Portanto, provavelmente se interessa pelo impacto do celular na sociedade contemporânea. Inclusive no ramo de mídia e comunicação, foco desta coluna. 

No Brasil já são 156 milhões de pessoas conectadas à internet. Sendo que mais de 90 milhões a acessam somente pelo celular. Inclusive há grandes chances de você estar lendo esse artigo do seu smartphone.

O que me impressiona, portanto, é que apesar desses números superlativos soarem repetitivos, eles logo viram paisagem. Por mais que o celular seja o centro cognitivo, social e profissional de grande parte das pessoas neste país, o dispositivo ainda é subestimado pelos profissionais da indústria de Comunicação e Mídia.

Sim, é impressionante. Claro, quando se fala de uma inovação, um app, não resta dúvidas: é o celular que entra no business plan. Mas enquanto dispositivo de mídia de massa, de escala, o smartphone, por incrível que pareça, é visto como um mero desdobramento de outros meios.

As campanhas de publicidade, por exemplo, são pensadas muito para a tela da TV. Apesar do digital já representar 60% do budget de marketing das empresas americanas, no Brasil representou menos de 40% em 2022 (sendo que 76% desse orçamento é destinado à publicidade móvel, o restante para o desktop). A TV aberta ainda domina, lógico, mas em queda. E com QR Code em praticamente todos anúncios, já notou?

Ainda assim, acredite em mim, produtores de conteúdo, como jornais e revistas (que representam irrisórios de 2,1% do investimento em publicidade), não dominam a tecnologia de distribuição de notícias em celular. Os formatos de redação e, pasmem, até os destaques das manchetes, ainda são pensadas no formato impresso, que valorizava a distribuição em bancas. 

Mas claro, essa mudança já se estabeleceu e ninguém foi capaz de segurar a força da natureza: a geração que ainda romantiza com a mídia ultrapassada do século XX vai (literalmente) morrer reclamando do hábito de uso de celulares pelos mais jovens.

Enquanto isso, temos toda uma nova geração consumindo notícias de maneira não linear, sendo impactado pelos seus interesses e, cada vez mais, buscando fontes confiáveis (não necessariamente veículos de mídia, mas também informação editorial de marcas de produtos e serviços com credibilidade, como aponta a recente pesquisa da Toolkits). 

Pois é, não tem jeito, o rio corre para o mar. Por isso, profissionais das marcas e veículos que ainda operam sob os paradigmas do século passado precisam acordar. Tais organizações seriam muito mais eficientes caso entendessem, de uma vez por todas, que o celular é o meio com maior capilaridade na história. E que esse processo inexorável impõe desafios de produção e distribuição de conteúdo inerentes ao meio. Afinal, o meio é a mensagem. E se o meio é móvel, a mensagem é de movimento. Afinal, a mobilidade é óbvia. 

Em tempo: esse é meu último artigo do ano para o MobileTime. Desejo às leitoras e leitores um feliz natal e produtivo 2024!