A Anatel divulgou a Pesquisa de Conectividade Significativa durante reunião do Conselho Consultivo desta segunda-feira, 6. Entregue ao Comitê de Defesa dos Usuários de Serviços de Telecomunicações (CDUST) no dia 2 de setembro, a pesquisa busca retratar o cenário do acesso a equipamentos e ambiente digital no país. Pelos dados, 270 milhões de acessos à internet ocorrem por meio da telefonia móvel. A superintendente de Relações com Consumidores, Cristina Camarate, disse que “se não a totalidade, a maior parte da população tem um aparelho celular”.
No quesito valor de aparelho, foi observado que quanto maior a renda, maior o valor do celular. “Mesmo na população de até um salário mínimo existe um percentual alto, de 39%, que tem um equipamento entre R$ 1 mil e R$ 3 mil, que são equipamentos mais sofisticados, com câmera melhor, processador melhor e maior armazenamento.”
Mais de 50% dos entrevistados em todas as faixas de renda possuem seus aparelhos há pelo menos dois anos, um dado que, segundo Camarate, não é “intuitivo”. A superintendente avaliou que o dado é um sinal positivo para ações previstas pela Anatel. Citando projetos como o de combate a chamadas inoportunas, o Origem Verificada, que demanda a capacidade do aparelho de possuir tecnologia 4G e 5G.
“Se num intervalo de dois anos toda a população ou metade trocar de aparelho, isso é um sinal muito positivo de que podemos continuar nessa trilha porque grande parte ou toda a população, em dois anos, terá a possibilidade de ter seu celular com o Origem Verificada”, exemplificou ela.
Outros dispositivos e tempo sem internet móvel
Entre as razões apontadas na pesquisa para não possuir um computador, 47,3% dos entrevistados indicou que o valor do equipamento é muito alto e 19,2% pontuou a falta de interesse. Ao todo, 66% dos domicílios não possuem computador, notebook ou tablet.
Outra relação destacada no levantamento envolve o tempo sem internet móvel: 58% do grupo que recebe até um salário mínimo não passou nenhum dia sem conexão. A marca vai para 59% entre os que ganham de um a três salários mínimos e 73% entre os que recebem mais de três salários mínimos. Logo, quanto maior a renda maior o tempo com internet móvel.
Políticas públicas
O relatório recomendou que qualquer política pública para a melhoria da conectividade deve reavaliar os limites das franquias de dados das ofertas, considerando a nova realidade da transformação digital e da conectividade significativa; o desenvolvimento das habilidades digitais dos usuários; e incentivos à aquisição de dispositivos com mais recursos, como aparelhos de maior capacidade e computados. Essas ações devem mirar nos públicos vulneráveis, como pessoas de baixa renda e idosos.
Conectividade significativa
O conceito de Conectividade Significativa trata da qualidade do acesso à internet – leva em consideração o dispositivo pelo qual é feito o acesso, a velocidade da internet e habilidades digitais dos usuários – e alcançá-la permite a inclusão de usuários e possibilita a participação plena da sociedade digital e inclusão social e econômica, ponto destacado por Camarate.
“Nós temos muita expertise na área de segurança e infraestrutura, mas é preciso avançar na parte de promoção de habilidades digitais e como isso se conecta com equipamentos e todo o resto – para que possamos suprir não só o gap de acesso, mas também o gap de uso. É de conhecimento dos senhores que cerca de 20% da população que tem acesso opta por não se conectar à internet e quando perguntados o porquê, a resposta é ‘não sei para o que serve e não tenho interesse’. E todos nós que estamos aqui sabemos que se não for conectado, quem não se incluir, em alguma medida será excluído. Todos os serviços de governo hoje em dia demandam uma utilização de internet”, disse ela.
Metodologia
Ao todo, foram entrevistadas 593 pessoas, entre agosto de 2023 e junho de 2024 por telefone. O público alvo eram usuários de serviços de telefonia celular, pré-paga ou pós-paga, ou de banda larga fixa, além de ser pessoa física com mais de 18 anos.
Ilustração produzida por Mobile Time com IA