Alexander Graham Bell, o inventor do telefone, não acreditava que esta era sua criação mais importante. Na verdade, o seu irmão menos conhecido, o fotofone, era a tecnologia na qual mais apostava. Ele é considerado o primeiro dispositivo de comunicação sem fio da história, precedendo a invenção do rádio em quase 20 anos.

Depois de inventar o telefone, Bell percebeu que a tecnologia dependia muito de transmissão elétrica direta por meio de fios. Ele vislumbrou um futuro em que os fios de telefone iriam dominar as cidades. Para evitar esse cenário, investiu na criação de um método mais limpo de transmissão do som, que dependesse de luz, não de eletricidade.

Assim, em 3 de junho de 1880, Bell mandou a primeira mensagem de voz sem fio por meio de um fotofone. Com a ajuda do assistente Charles Sumner Tainter, ele fez a transmissão a uma distância de 213 metros – do telhado da escola Franklin para a janela do seu laboratório, em Washington D.C, nos EUA. Os locais ficavam a cerca de dois quarteirões um do outro.

O fotofone transmitia a voz por meio de um espelho flexível. As vibrações das ondas sonoras causavam uma oscilação no formato dele. Um feixe de luz era direcionado, por meio de lentes, a este espelho, que o refletia para outro, capturando essas oscilações. Este receptor transformava o feixe novamente em som. Ou seja, o transmissor operava por meio de energia solar.

Bell, à esquerda, o receptor, e Tainter à direita (crédito: autor desconhecido)

O receptor do fotofone usava uma célula fotodetectora de selênio para capturar esse feixe de luz. O selênio era utilizado devido às suas propriedades fotocondutoras – sua condutividade elétrica varia em relação à exposição à luz. Um espelho côncavo receptor do feixe de luz o transmitia para célula de selênio, que funcionava como o resistor de um circuito simples: a célula, uma bateria e um amplificador ou alto-falante.

Embora a ideia do fotofone fosse revolucionária, sua implementação enfrentou desafios significativos. A transmissão eficiente da luz e a sincronização precisa entre os espelhos e as células fotossensíveis eram questões técnicas complexas que ainda precisavam ser superadas. A tecnologia não deu certo por conta de limitações práticas, como interferências externas de nuvens, que atrapalhavam a transmissão.

Embora o fotofone não tenha alcançado o sucesso comercial na época de sua invenção, ele pavimentou o caminho para o desenvolvimento de tecnologias de comunicação que revolucionariam o mundo. Os princípios por trás do fotofone influenciaram o desenvolvimento posterior da fibra óptica, nos anos 1970, que transmite não só voz, como outros tipos de dados, por meio da Internet.