Com o lançamento do iPhone, que revolucionou o mercado de smartphones, a Microsoft viu que não podia ficar para trás. Três anos depois, no Mobile World Congress de 2010, apresentou o Windows Phone, seu sistema operacional móvel, um sucessor da plataforma Windows Mobile, voltada ao mercado corporativo. A interface do usuário se baseava na linguagem de design Metro, criada pela Microsoft, usada em todo o seu ecossistema de softwares e aplicações.

Os Live Tiles no Windows Phone 8 (crédito: divulgação)

O design da interface e da experiência do usuário divergia um pouco do que vinha sendo feito no Android e iOS até então. Em vez de aplicativos estáticos, a tela inicial se baseava nos Live Tiles, blocos dinâmicos que apresentavam informações em tempo real – que posteriormente foram aos computadores, no Windows 8, e possivelmente inspiraram até o iOS 14, lançado em 2020. Apenas da tela inicial era possível dar um olhada em compromissos no calendário, prévias de mensagens, de e-mails, as chamadas perdidas, o clima, mas de um jeito diferente das notificações dos outros dois rivais. Havia também os hubs, que combinavam conteúdo local com online, exibindo, por exemplo, fotos do smartphone junto a imagens de álbuns do Facebook.

O Windows Phone Marketplace – que distribuía músicas, vídeos, podcasts e aplicativos – funcionava em 35 países e regiões. Inicialmente, a Microsoft anunciou 10 dispositivos operando Windows Phone, feitos por HTC, Dell, Samsung e LG – entre eles, Samsung Omnia 7, Dell Venue Pro e HTC 7 Surround. Outras fabricantes, como Acer, Fujitsu e ZTE também produziram smartphones com Windows Phone.

Em 2011, a Microsoft fez uma parceria de peso, para seu sistema operacional ser utilizado em lançamentos da Nokia, com integração dos serviços de ambas as marcas. A ideia era criar um novo “ecossistema global móvel” para fazer frente ao Android e iOS. Os dispositivos da Nokia passaram a incluir a ferramenta de pesquisa Bing como padrão, com junção do Bing Maps ao Nokia Maps e da loja de apps da Nokia Ovi ao Windows Phone Marketplace. Nokia Lumia 800 e Nokia Lumia 710 estrearam a parceria – a fabricante finlandesa apostou seu futuro móvel no Windows Phone.

HTC Windows Phone 8X (crédito: divulgação)

Anunciados em 2012, o Windows Phone 8X e 8S, fabricados pela HTC e considerados pela Microsoft celulares “modelo de Windows Phone”, marcaram um momento crucial para o sistema operacional. O fato de não terem feito o sucesso o suficiente para fazer frente à dominância da Apple e do Google levou parceiros de hardware da Microsoft a não acreditarem mais no Windows Phone. Sem esse impulso inicial a gigante americana de computadores não conseguiu ganhar tração para alavancar seu sistema operacional no mercado.

Um dos principais motivos para o fracasso do Windows Phone foi a incapacidade de a Microsoft atrair desenvolvedores de apps para construir um ecossistema. Seus rivais atraiam mais apps essenciais e apps de terceiros de sucesso. O YouTube, por exemplo, nunca chegou ao sistema operacional, alvo de uma disputa constante entre Windows e Google. Os engenheiros que trabalharam no desenvolvimento da plataforma também atribuíram o fracasso à rapidez com que precisou ser terminado.

Eventualmente a Microsoft comprou a divisão móvel da Nokia, em 2013, mas em meados da década o Windows Phone já não tinha tanto apelo e começava a se desenhar seu fim. A essa altura, a companhia tinha um market share de apenas 2,5%, com um mercado dominado por Android e iOS. Depois da aquisição, houve uma série de reposicionamentos de marca, porém nada deu certo. O Windows 10 Mobile, a última versão do sistema operacional, foi descontinuado em 2017. Em 2022, a Microsoft encerrou oficialmente o suporte para dispositivos Windows Phone.