Era fim de tarde de uma quarta-feira cinzenta na cidade de Helsinki, capital da Finlândia, em 1997, quando Vesa-Matti Paananen, ou Vesku, estava em uma festa com seus amigos. Seu país estava no meio de um boom tecnológico capitaneado pela Nokia, que liderava o mercado móvel. Alguns dos seus amigos, inclusive, trabalhavam na indústria. Todos exibiam as últimas novidades do momento dos seus celulares.

A inspiração, na verdade, veio no dia seguinte. De ressaca, com o humor fragilizado, Vesku estava a caminho do trabalho (ele era CTO do grupo de mídia Yomi), quando seu celular tocou ressoando o clássico ringtone da Nokia, que considerava irritante. Ele decidiu que algo devia ser feito a respeito. Ele queria ouvir uma música mais animada, no caso “Jump”, de Van Halen – ou pelo menos a versão em formato de ringtone monofônico que naquela época os celulares conseguiam reproduzir.

Os celulares da Nokia que Vesku e seus amigos possuíam dispunham de um recurso chamado Smart Messaging, que permitia aos usuários mandarem mensagens entre si. Eles perceberam que seria possível compor toques em um programa desenvolvido por Vesku, chamado Harmonium, e usar o Smart Messaging para transferi-los como arquivos MIDI para um celular.

Usando o Harmonium, o desenvolvedor criou a versão monofônica simplificada de “Jump”. Ele carregou o toque no celular e esperou que alguém o ligasse quando estivesse em público. O grande momento aconteceu a caminho de uma reunião, em um trem lotado na hora do rush. Alguém ligou e o toque personalizado tocou direto do seu bolso. Todos no trem olharam para ele.

Vendo o sucesso da criação, ele decidiu que era preciso prover um serviço para que qualquer pessoa pudesse customizar o seu próprio ringtone. Ele começou a mostrar a ideia para companhias de telefone, oferecendo um catálogo com hits populares. Depois de um ano de negativas, conseguiu convencer a operadora finlandesa Radiolinja, hoje chamada de Elisa, que topou a ideia e a escalou. Segundo Vesku, foi um fenômeno, tudo se espalhou como um meme.

O Harmonium, lançado comercialmente em 1998, permitia que as pessoas criassem os seus próprios ringtones monofônicos, além de baixar criações de uma biblioteca, com toques criados por compositores. Eles eram baixados via SMS. A cobrança vinha na fatura do cliente. Havia músicas como “Smoke on the Water” e o hino da Finlândia. Não demorou muito para a indústria de ringtones mundial se tornar um mercado bilionário.