Antes de o Uber chegar ao Brasil, o país viu surgirem aplicativos de chamada de táxi. Um dos pioneiros por aqui foi o Taxibeat, app de origem grega que decidiu aportar no Rio de Janeiro em 2012.
Sua mecânica era bem diferente daquela que se popularizou mais tarde com o Uber. No Taxibeat, o cliente podia escolher o motorista. Ao solicitar uma corrida, aparecia uma lista dos taxistas próximos disponíveis. Eram exibidas informações como o modelo do carro e a avaliação do motorista. Depois de selecionado, era preciso aguardar a confirmação por parte do taxista.
Outra característica diferente do Taxibeat era o seu modelo de negócios. Ele cobrava uma tarifa de R$ 2 do motorista por cada corrida entregue. E o pagamento pela viagem era feito diretamente pelo passageiro ao taxista, ao fim de cada corrida. Não havia pagamento in-app no começo da operação do Taxibeat.
O aplicativo foi um sucesso no seu primeiro ano no Brasil, tendo sido lançado também em São Paulo e conquistando uma base de 20 mil motoristas no país.
Porém, seus problemas começaram quando os concorrentes resolveram iniciar uma guerra comercial. Na mesma época havia outros dois apps de chamada de táxi nasceram no Brasil: o Easy Taxi, no Rio de Janeiro, e o 99Taxi, em São Paulo. Depois de conseguir um aporte vultuoso de investidores locais para crescer no mercado nacional, o 99Taxi decidiu gastar parte do dinheiro que levantou para atrair os taxistas oferecendo de graça o seu serviço de intermediação. A notícia se espalhou rapidamente entre os motoristas e logo estavam todos experimentando o 99Taxi para receber corridas sem gastar nada, em vez de pagar os R$ 2 por viagem cobrados pelo Taxibeat. O Easy Taxi, que até então adotava o mesmo modelo de negócios do Taxibeat, resolveu também zerar a cobrança, por uma questão de sobrevivência.
Em pouco tempo, começou a ficar difícil pedir corrida no Taxibeat, porque os motoristas estavam priorizando os concorrentes. Logo, os clientes também foram migrando para os outros apps.
Pressionado, o Taxibeat decidiu encerrar sua operação no Brasil e também em alguns outros países aonde havia entrado, como México e França. Optou por focar no nascente mercado peruano e no seu mercado de origem, a Grécia. E depois, em 2017, acabou sendo vendido para a dona do MyTaxi, na Europa, a Daimler.
O modelo criado pelo Taxibeat de cobrança por corrida era mais justo e barato para os motoristas que aquele que acabou vingando mais tarde, de cobrança de uma comissão sobre o valor da viagem, com pagamento feito diretamente no cartão de crédito do passageiro cadastrado no app.
A falta de pagamento in-app, contudo, era uma desvantagem grande. Hoje está comprovado que para o usuário final é mais cômodo pagar in-app do que ter que abrir a carteira no final de cada corrida.
Além disso, a mecânica de escolha do motorista pelo passageiro também se mostrou ineficiente com o passar do tempo. Ela demora muito mais, porque o cliente fica analisando a lista de opções e depois ainda precisa aguardar a aceitação por parte do taxista. É muito mais rápido deixar a plataforma chamar o carro mais próximo – e o cliente pode cancelar a corrida, se quiser. Esse acabou se tornando o modelo padrão, adotado por Uber e 99.
Para quem quiser saber mais sobre a história do Taxibeat, vale ler o texto escrito por um de seus fundadores, Apostolos Apostolakis, no Medium.