Em outubro de 2018, a startup chinesa Royole Corporation anunciou o tão aguardado primeiro smartphone dobrável do mundo, o FlexPai. Ele foi apresentado (e já iniciado às vendas em seu país) pela primeira vez em um evento realizado na cidade de Pequim, na China. Posteriormente, em janeiro do ano seguinte, foi lançado na feira de tecnologia CES 2019, em Las Vegas, Estados Unidos.

Na época, a Samsung já havia criado uma expectativa em seus usuários de um possível lançamento de um celular com tela dobrável. Após tantas promessas e adiamentos, a companhia chinesa – que nasceu em 2012, com o objetivo de se lançar para vencer a disputa de oferecer o primeiro smartphone dobrável do mundo – saiu na frente com uma combinação de celular e tablet dobrável.

Com sistema operacional Android, a Royole Corporation garantiu em seu lançamento que a tela flexível teria alta durabilidade. “O FlexPai resolve perfeitamente a contradição entre a experiência de tela grande de alta definição e a portabilidade, que introduz uma nova dimensão à interface homem-máquina”, disse Bill Liu, fundador e CEO da Royole, em comunicado à imprensa na época.

Em teste feito pelo site The Verge, o smartphone foi criticado pela aparência “esquisita” e pela baixa resolução da tela. Segundo a reportagem, a imagem teve características que lembravam “telas AMOLED de primeira e segunda geração da Samsung de muitos anos atrás”. Ainda de acordo com a equipe, o grande problema do smartphone era seu sistema operacional. “Toda vez que você gira o dispositivo ou o dobra e desdobra, o aparelho fica profundamente confuso e enlouquecido”, destacou o artigo.

O FlexPai contava com uma tela AMOLED de 7,8 polegadas e resolução de 1920 x 1444 pixels, o que equivale a 308 pixels por polegada (ppi). Isso foi criticado naquele momento, pois a qualidade da tela não acompanhava os modelos premium mais recentes de 2018/2019 e apresentava uma experiência pior em contraste e nitidez. A fabricante também optou por fazer um display de plástico em vez de vidro, o que também não agradou muito os usuários.

Apesar de ser um aparelho com alguns defeitos, ele também recebeu elogios, como o melhor processador daquele período, o Snapdragon 845, da Qualcomm. Com duas câmeras na traseira, de 16 e 20 megapixels (grande angular e teleobjetiva, respectivamente) e uma bateria de 3.800 mAh, o celular tinha um aspecto bem grosso por causa da tela que se dobrava e pesava 320g – aproximadamente o dobro dos celulares comuns da atualidade –, e não era possível dobrá-la por completo, pela forma circular de quando era flexionado.

O FlexPai, com todas as suas falhas, foi também o resultado de um grupo de pessoas ambiciosas que tentou algo que talvez fosse quase impossível diante das suas capacidades e limitações à época, visto que a empresa nasceu para fabricar telas e sensores flexíveis, diferentemente das grandes marcas fabricantes de celular. A Royole fez, sobretudo, o mercado de tecnologia, ser um pouco mais interessante, no fim das contas.