Nos últimos 15 anos, mais de 5 milhões de pessoas tiveram mortes violentas na República Democrática do Congo, grande parte decorrente do conflito armado que divide o país e que gerou mais de 500 mil refugiados. Parte dessa tragédia é indiretamente financiada pela indústria de produtos eletrônicos portáteis, especialmente telefones celulares, acusam manifestantes de várias organizações não governamentais. Isso acontece porque estão localizadas nesse país africano as maiores reservas mundiais de coltan, uma mistura dos minerais columbita e tantalita que é usada na fabricação de componentes de telefones móveis e de outros produtos eletroeletrônicos portáteis. A extração local é controlada por grupos armados e feita de forma ilegal, usando jovens e crianças sem qualquer equipamento protetor. Há conflitos recorrentes pela posse das minas. O coltan é conhecido no país como "ouro azul" ou "ouro cinza".

Na noite da última quarta-feira, 27, a situação no Congo foi alertada por manifestantes catalães em frente à saída do Mobile World Congress (MWC), maior feira do setor de telefonia móvel, realizada esta semana em Barcelona. Eles pedem mais transparência na cadeia de suplementos do setor e divulgaram uma lista que classifica as empresas de acordo com a forma como estão lidando com a questão do coltan. Trezes delas estão tomando atitudes pró-ativas para auditar seus fornecedores e combater o problema: Acer, AMD, Apple, Dell, HP, Intel, Microsoft, Motorola, Nokia, Panasonic, Philips, RIM e Sandisk. Seis tomaram algumas ações iniciais de investigação sobre sua cadeia produtiva: IBM, Lenovo, LG, Samsung, Sony e Toshiba. E quatro não fizeram praticamente nada até agora, de acordo com os manifestantes: Canon, HTC, Nikon, Nintendo e Sharp.

O Brasil também possui minas de coltan, localizadas principalmente nos estados de Roraima e Amapá. Uma manifestante entrevistada por MOBILE TIME afirmou que parte do coltan extraído ilegalmente do Congo passaria pelo Brasil antes de seguir para indústrias de eletroeletrônicos, como forma de camuflar sua origem.