Antes de se especializar em conteúdo móvel, o fundador da Gold Editora, Rodrigo Meinberg vendia livros. Só do Paulo Coelho foram mais de 6 milhões, afirma. A estratégia era simples: escolher títulos de apelo para as massas, montar um projeto gráfico popular e vender a preço baixo através de canais alternativos, como as vendedoras da Avon, atingindo uma parcela significativa da população que não tem o hábito de entrar em livrarias. Essa experiência foi levada para mobilidade, onde a Gold Editora adentrou em 2012, praticamente uma novata do setor. Apostando em conteúdo referendado por celebridades, logo se diferenciou no mercado. Tendo as operadoras e suas integradoras como parceiras na distribuição de conteúdo white label e na divisão da receita, a Gold mais que triplicou a base de assinantes de seus serviços nos últimos 12 meses, saltando de 3 para 10 milhões. Agora, para refletir essa nova fase em que mobile ganhou uma relevância significativa em seu negócio, a empresa decidiu mudar de nome para Gold 360. O número faz referência à preocupação de seus produtos atenderem a todos os canais móveis: SMS, portal de voz, app e site móvel.

"A marca sempre foi algo secundário para nós. O destaque fica com a operadora e a celebridade. Mas era difícil explicar para os parceiros porque éramos uma editora, que é algo datado, do século passado", comenta Meinberg. "É bom ressaltar que a mudança da marca não é para se posicionar perante o consumidor, mas sim junto aos nossos parceiros. Não temos nenhuma intenção de ir direto ao consumidor final, de criar uma  OTT, ou buscar independência em relação às teles, que seguem essenciais para nós", esclarece. Para ajudá-lo na elaboração dessa estratégia em mobile, Meinberg convidou um executivo experiente do setor de serviços de valor adicionado (SVA) brasileiro para ser seu sócio: Rafael Lunes, que acumula passagens por Zenvia, Claro, Pure Bros, dentre outras.

Hoje a Gold 360 tem contrato com 35 diferentes celebridades e oferece 84 serviços de conteúdo móvel por assinatura nas quatro grandes operadoras brasileiras. Os serviços estão distribuídos em sete áreas: saúde; educação; empregos; culinária; autoconhecimento; moda e estilo; e diversão e entretenimento. Nomes como Max Gehringer, Professor Pasquale e Dráuzio Varella já referendaram serviços providos pela Gold 360.

Toda a concepção do produto e a geração de conteúdo é feita internamente, incluindo não apenas o texto, mas também áudio e vídeo. Por ser um conteúdo que envolve direito de imagem, além de adiantamentos para as celebridades em alguns casos, a empresa consegue negociar uma participação na receita maior que a média do mercado de provedores de conteúdo. Aliás, Meinberg prefere que a Gold 360 seja vista como uma empresa de produtos, não uma simples provedora de conteúdo.

Serviços referendados por celebridades costumam ter uma retenção melhor dos assinantes. No caso da Gold, a média é de 100 dias. O mais popular é o canal sobre empregos, com dicas de carreira do Max Gehringer: seus usuários ficam em média 150 dias recebendo o conteúdo. Alguns dos serviços existem há tanto tempo que acumulam mais de 600 dias de conteúdo produzido. 90% da base de usuários dos serviços da Gold é composta por pré-pagos. Os preço cobrado pela assinatura de cada serviço varia de R$ 2,99 a R$ 3,99 por semana.

História

A experiência de Meinberg em lidar com celebridades é antiga. Vem dos tempos da Klick Editora, empresa anterior à Gold da qual era sócio com alguns primos. A Klick se especializou na distribuição de conteúdo em fascículos nas edições de domingo de grandes jornais, como Estadão, Folha de São Paulo, O Globo, Correio Braziliense e Zero Hora. Um dos projetos foi uma coleção de livros do Paulo Coelho encartados no Globo. Depois, em 2003, fundou a Gold Editora, cujo foco foi produzir versões mais populares de livros de celebridades para a distribuição em canais alternativos, como a Avon. "Alcançamos um consumidor que não entra em livraria", explica.

A ideia de entrar no mundo mobile veio em 2011, ao ler sobre o sucesso de cursos de inglês no celular. Foi então que decidiu aprender sobre o assunto e montar sua própria oferta de conteúdo móvel, aproveitando a experiência acumulada no trabalho com celebridades e na venda de livros populares através de canais alternativos.