| Publicada no Teletime | A japonesa NEC revelou planos ambiciosos de conquistar 30% das receitas globais com redes de acesso desagregadas (OpenRAN), a partir de proposta de fim a fim que envolve hardware, software e integração em arquiteturas abertas. Segundo a fornecedora, até mesmo projetos no Brasil já estão em curso.

As indicações foram realizadas durante a primeira entrevista do presidente e CEO da NEC, Takayuki Morita, para a imprensa das Américas realizada nesta última quarta-feira, 30, em programação paralela à do MWC 2021, em Barcelona.

“Nosso objetivo é capturar pelo menos 30% do mercado OpenRAN”, declarou o executivo, que assumiu o comando da NEC em abril. “Penso que em 2030, 40% das redes de acesso serão OpenRAN”, completou Morita.

Parte da confiança da NEC está ligada ao papel da empresa em roll-outs no Japão: a empresa já fornece rádios em conformidade com OpenRAN para a parceira NTT e para a Rakuten, além de ajudar esta no desenvolvimento de core virtualizado 4G e 5G com arquitetura aberta.

Segundo Morita, os rádio contam com tecnologia massive Mimo e operação em ondas milimétricas, ao passo que o núcleo de rede “convergente” suportaria 5G standalone e non-standalone, além de tecnologias legadas desde o 3G.

No Reino Unido (onde vendors chineses foram barrados das redes de acesso), a NEC é uma das fornecedoras na rede comercial aberta da Vodafone. Já em pilotos da O2, da Telefónica, o papel ocupado foi de integradora, assim como ocorreu na Alemanha, também ao lado do grupo que controla a Vivo.

Brasil

Durante entrevista, a empresa não revelou parceiros, mas confirmou que já atua em projetos de OpenRAN no Brasil. “Existem atividades em andamento na América Latina, especificamente no Brasil, mas não posso realmente fornecer o estágio porque não são informações públicas”, confirmou o vice-presidente de produtos da NEC, Patrick Lopez.

Em paralelo, um centro de excelência para pesquisa e desenvolvimento (P&D) em país não especificado da Latam está hospedando a criação de novos produtos. Japão, Reino Unido, Índia, leste europeu e EUA também contam com estruturas do gênero.

Pressão

O CEO da NEC ainda pintou um cenário complexo para as operadoras globais, que estariam sendo desafiadas e ameaçadas por gigantes de TI. Neste sentido, Morita defendeu novas proposições de valor para o setor.

No entanto, parcerias de teles com empresas de nuvem para atendimento de demandas do mercado corporativo seriam necessárias, acredita o executivo. A própria NEC anunciou que soluções de software OSS/BSS de sua subsidiária Netcracker rodarão na infraestrutura da AWS, conforme revelado no MWC. Um dos objetivos da solução é habilitar o fatiamento de rede.