O celular também pode funcionar como uma máquina de karaokê. Existem diversos aplicativos móveis com esse propósito e o israelense Yokee é um dos que está fazendo maior sucesso, com 12 milhões de usuários no mundo em cerca de um ano de vida, crescendo a uma velocidade de 1 milhão de novos cantores por mês. EUA e Japão são os mercados mais importantes do app no momento, cada um respondendo por aproximadamente 20% da base mundial, mas o Brasil desponta entre os principais, com 490 mil usuários (230 mil em Android e 260 mil em iOS).

Disponível em 20 línguas, o Yokee ganhou há poucos meses uma versão em português. Diante do bom desempenho por aqui, seus fundadores decidiram dar uma atenção especial ao mercado brasileiro. "Vamos nos concentrar em responder as perguntas dos usuários do Brasil. Estamos prestando mais atenção no que os brasileiros pedem e vamos melhorar o app a partir desse feedback", relata Gil Selka, um dos fundadores da Famous Blue Media, empresa responsável pelo Yokee. "Sabemos, por exemplo, que o Facebook é muito forte no Brasil, então vamos criar novas features relacionadas a essa rede social", exemplifica. Não há planos de abrir um escritório local, mas a empresa está conversando à distância com potenciais anunciantes nacionais que queiram expor suas marcas dentro do app.

O Yokee permite que o usuário cante por cima de qualquer vídeo disponível no YouTube e aplique efeitos a posteriori na sua voz. Há vários vídeos na rede social voltados para karaokê, com as letras em legendas. Cantar no app é de graça, mas para reproduzir, salvar e compartilhar a performance é preciso adquirir moedas virtuais, seja comprando-as com cartão de crédito ou trocando-as por pontos obtidos ao longo da utilização do serviço (cada vez que canta, o usuário ganha alguns pontos). Também é possível liberar todas as funcionalidades fazendo um assinatura premium do serviço, que custa R$ 15,90 por mês. Na versão premium não há exibição de publicidade.

A Famous Blue Media segue à risca os termos de serviços do YouTube, afirma Selka. O pagamento de direitos autorais fica a cargo do Google. Só são disponibilizados vídeos cujos autores tenham permitido no YouTube o seu compartilhamento em sites ou apps de terceiros.

Na versão premium, a empresa também oferece conteúdo exclusivo de fora do YouTube. Neste caso, negocia diretamente com gravadoras e editoras. Por enquanto, tem apenas acordos com licenciadores de conteúdo nos EUA. Ainda não tem planos de fazer esse tipo de negociação para conteúdo local brasileiro, informa Selka.

Quando o app é aberto, são sugeridas músicas na língua do usuário. Para os brasileiros, por exemplo, a primeira opção é "Beijinho no ombro", da Valesca Popozuda. Segundo o executivo, as músicas mais cantadas no Yokee geralmente são as mesmas que aparecem na lista das mais ouvidas nas rádios. Neste momento, por exemplo, a líder mundial é "Let it go", do desenho animado Frozen, da Disney.

O Yokee está disponível apenas para Android e iOS. Há uma diferença importante entre as duas versões: apenas naquela para iOS o usuário consegue ouvir sua própria voz pelo fone de ouvido enquanto canta. No Android, por razões técnicas, haveria um atraso incômodo na execução da voz, o que a tiraria de sincronia com o fundo musical. Por isso, os desenvolvedores optaram por não reproduzir a voz no fone de ouvido na versão Android. A empresa está conversando com o Google sobre a questão e acredita que será solucionada na próxima versão do sistema operacional Android.

Novos apps

A Famous Blue Media está desenvolvendo outros dois apps relacionados à música. Um será lançado em setembro e outro, em novembro. Os dois serão integrados ao Yokee, mas não serão exatamente de karaokê. Selka prefere manter segredo e não fornece maiores detalhes sobre eles. Diz apenas que a intenção da companhia é construir uma comunidade mundial de amantes da música com a ajuda de um portfólio interligado de apps.

A Famous Blue Media ainda não passou por nenhuma grande rodada de investimento e não tem intenção de fazer isso tão cedo. Vender a companhia tampouco está nos planos a médio prazo. "Temos um bom produto e queremos gerar mais valor para a empresa. Não pensamos em vendê-la amanhã e ficar ricos. Curtimos nosso trabalho e estamos focados nele. É realmente nisso que acreditamos", afirma.