O Brasil está começando a ficar conhecido internacionalmente pela sua produção de conteúdo infantil em meios digitais, graças a desenhos como Galinha Pintadinha e Peixonauta, assim como apps, como o Playkids. Agora uma chinchila chamada Timolico e sua turma querem entrar para esse grupo. Eles são os personagens das histórias presentes no app Timokids (Android, iOS, Windows Phone), desenvolvido por uma start-up homônima. Lançado em março de 2014, o Timokids vem crescendo rapidamente de maneira orgânica, sem nenhum investimento em marketing. A expectativa é chegar ao fim do ano com 500 mil downloads somando as três plataformas onde está presente.

Dentro do app, o leitor pode baixar e-books infantis avulsos com a turma do Timolico. Alguns são gratuitos e outros, pagos (US$ 1,99 cada). As histórias são ilustradas com desenhos em 3D e contam com narração em áudio em três línguas: Português, Espanhol e Inglês. Cada história aborda um tema sócio-educativo e passa antes pela avaliação de psicólogos infantis. Todos os e-books são autorais, produzidos pela própria Timokids, que conta com uma equipe de 22 colaboradores, entre escritores, ilustradores, desenvolvedores, psicólogos e narradores.

"As primeiras histórias foram escritas por mim, mas agora há outras pessoas contribuindo. Optamos por manter conteúdo próprio. Chegamos a cogitar publicar livros de terceiros, mas quando fomos passar pela curadoria encontramos várias coisas que não eram indicadas para a faixa etária", comenta Fabiany Lima, cofundadora e CEO da Timokids. Ela é mãe de gêmeas e conta que sua experiência pessoal lhe ajudou a formatar o produto. "A partir dos três anos de idade, elas começaram a fazer suas escolhas e eu perdi a atenção delas para os joguinhos do celular e para a televisão. Não via conteúdo que fosse realmente útil, apenas coisas viciantes. Faltava um conteúdo que fosse legal", relata.

Modelo de negócios

Além da venda avulsa de e-books por dentro do app, a Timokids negocia parcerias com instituições, empresas e prefeituras para o desenvolvimento de histórias patrocinadas com a turma do Timolico. A prefeitura de Araçoiaba da Serra/SP, por exemplo, patrocinou uma história sobre cidadania. E uma escola de Jataí/GO, está bancando outra sobre bullying. A Timokids está também pleiteando aprovação pela Lei Rouanet, junto ao Ministério da Cultura, para captar recursos via incentivo fiscal para uma série de histórias sobre cidades do Brasil.

Financiamento

Primeiro a Timokids conseguiu levantar capital através de uma plataforma de financiamento coletivo para start-ups. E agora está participando de um processo de aceleração no Chile, pelo qual recebeu US$ 40 mil. No fim do ano, o plano é passar por uma rodada de investimento série A, com a entrada de algum fundo de venture capital internacional. Algumas conversas estão em andamento nesse sentido, revela Fabiany.

A ideia é transformar o Timokids em um produto de apelo global. O app já foi baixado em mais de 180 países. "Os personagens foram pensados para serem globais. E os temas também, pois são atemporais e servem para crianças em todo lugar", comenta a empreendedora.

Atualmente, 70% dos downloads se concentram no Brasil. Entre os usuários no exterior, há muitos em países de língua portuguesa, como Cabo Verde, na África, assim como brasileiros que moram fora e que procuram por conteúdo em sua língua nativa para os filhos.