A velocidade com que um eletrocardiograma é feito e analisado por um médico especializado é vital para o atendimento de emergência a pacientes infartados. As ambulâncias costumam estar equipadas para realizar o exame, mas nem sempre há um especialista por perto para ler e interpretar o resultado. Por isso, a transmissão de dados via rede celular pode exercer um papel fundamental nesses casos, fazendo a diferença entre a vida e a morte do paciente. A ITMS, uma empresa especializada em telemedicina, desenvolveu uma solução para envio via celular de resultados de eletrocardiogramas. Cerca de 500 ambulâncias no Brasil inteiro, dentre as quais 331 do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), estão dotadas de smartphones preparados especialmente para essa função. Trata-se de Blackberries e aparelhos Android que vêm com um aplicativo da ITMS instalado e que estão bloqueados para quaisquer outras utilizações que não o envio dos exames. Todo mês, cerca de 12 mil eletrocardiogramas são transmitidos via celular pelo sistema da ITMS, relata Thais Waisman, diretora de inovação da Medical Solutions, subsidiária da ITMS responsável pelo desenvolvimento da solução.

Os smartphones carregados pelos médicos nas ambulâncias se conectam via bluetooth com o aparelho que realiza o exame. O resultado é enviado pela rede celular para uma central mantida pela ITMS junto com informações relevantes sobre o perfil do paciente, como idade, peso, altura etc. Os dados passam primeiro por uma triagem para verificação de possíveis erros na realização do exame, como inversão de eletrodos, e em seguida passam para a análise de um médico. A ITMS conta com aproximadamente 30 médicos em sua central avaliando os exames e redigindo os laudos. Cada eletrocardiograma vem com uma classificação de acordo com seu grau de urgência. Aqueles de situações de emergência são respondidos em até dez minutos. O laudo é enviado de volta para o aplicativo no smartphone do médico que está na ambulância. Com o laudo em mãos, é possível tomar uma decisão mais acertada do procedimento a ser tomado. "Ser for um infarto agudo do miocárdio o melhor tratamento é fazer uso de um trombolítico. Com o diagnóstico precoce, salvamos mais pacientes", explica Thais.

A plataforma da ITMS se chama PIT (Plataforma Integrada de Telemedicina). Além do canal celular, ela pode receber eletrocardiogramas através da web ou mesmo por meio acústico, através de uma chamada telefônica de voz. Somando todos esses meios, a ITMS emite cerca de 45 mil laudos de eletrocardiogramas por mês no Brasil. O serviço também está disponível em outros países da América Latina, como Chile e Colômbia, que juntos registram 1,5 milhão de laudos de eletrocardiogramas por ano. A PIT também é utilizada para análise de outros exames, como eletroencefalograma, espirometria etc. A versão móvel por enquanto se limita aos eletrocardiogramas, mas há a intenção de expandir o uso de celulares para obter uma segunda opinião médica em exames que envolvam imagens, em áreas como a dermatologia, por exemplo.

De acordo com Thais, 70% dos clientes do PIT fazem parte do sistema público de saúde, pois é onde há mais necessidade, em razão da falta de especialistas. Os laudos para as ambulâncias do Samu são feitos por especialistas do Hospital do Coração (Hcor), de São Paulo, em uma parceria com a ITMS.