Pelo quarto trimestre consecutivo, o mercado de smartphones da América do Norte apresentou queda no número de remessas, diminuindo 11,2% em relação ao ano anterior, para 34,6 milhões de unidades no primeiro trimestre de 2023. Mesmo assim, o segmento de dispositivos premium, de US$ 800 ou mais, cresceu 32,9%, impulsionado por Apple e Samsung, segundo relatório da Canalys, divulgado nesta segunda-feira, 5.

Com a normalização da cadeia de suprimento, a Apple fortaleceu ainda mais sua posição de liderança com a série premium Pro, entre os dispositivos do segmento mais caros do mercado. O que contribuiu foi o fato de que, na região, os gastos dos consumidores com produtos de alto padrão se manteve intacto. Sete modelos de iPhone ficaram entre os 10 mais vendidos: somente os iPhones Pro e Pro Max responderam por 45% das remessas.

Apesar do duopólio no mercado premium, os concorrentes buscam diferenciar seus dispositivos por meio de características adicionais, como integração de ecossistema, interconectividade, confiabilidade de marca e segurança. No entanto, a consultoria aponta que o sucesso também depende de relações fortes com operadoras, pois elas se concentram em poucas marcas para fornecer dispositivos aos consumidores.

Apesar do crescimento no segmento premium não ser o suficiente para evitar o declínio do mercado, o preço médio de venda (ASP, da sigla em inglês) de smartphones atingiu recorde histórico de US$ 790 no primeiro trimestre, acima dos US$ 671 do mesmo período, em 2022.

Ainda assim, as condições econômicas desafiadoras e a inflação no mercado dos EUA reduziram a demanda do consumidor nos outros segmentos, principalmente no mercado de massa de baixo custo (abaixo de US$ 200).

Participação de mercado

A América do Norte é a região mais importante para a Apple e a Samsung em volume e valor de vendas. A Apple alcançou participação de mercado de 59%, um recorde para um primeiro trimestre – o que corresponde a um aumento de 8 pontos percentuais, em relação ao primeiro trimestre de 2022. A Samsung, por outro lado, teve o pior declínio, com suas remessas caindo 25% ano contra ano. Em market share, a sul-coreana perdeu 4 pontos percentuais, caindo de 27% para 23% na região.

Entre os cinco principais fornecedores, também estão Motorola (7%), Google Pixel (4%) e TCL (3%). OnePlus (1%) e Nokia (1%) ocuparam o sexto e o sétimo lugares, respectivamente, no primeiro trimestre de 2023.

Tabela mostra o market share de cada companhia. (Crédito: divulgação)

Google Pixel

O Google Pixel agitou o cenário, se aproximando dos três primeiros, após o lançamento da série Pixel 7. Com somente três opções no mercado, o Google é a marca que mais cresce entre os cinco principais fornecedores, com aumento de 20% na participação, ano contra ano. Segundo a Canalys, o sucesso se deu pela forte mensagem de ecossistema do portfólio Pixel, que foi bem recebida pelo mercado, além de interesse maior pelo Google após os anúncios recentes no Google I/O sobre inteligência artificial (IA) generativa e hardware.

A consultoria considera que a expansão do portfólio Pixel é fundamental para o Google manter o ritmo de crescimento, especialmente aproveitando o Pixel 7a, de gama média. O lançamento do Pixel Fold também reforça as ambições premium da big tech e seu compromisso de investir na expansão das capacidades do Android em diferentes formatos.

Previsão

A previsão da Canalys, publicada em maio de 2023, é que o mercado norte-americano cairá 5,4% este ano. Enquanto o segmento de baixo custo (US$ 200 ou menos) continua a enfrentar pressão, o de alto padrão, de US$ 600 ou mais (incluindo marcas premium), provavelmente cairá pela primeira vez desde 2020, em 3,5% ano contra ano. Nem mesmo Apple e Samsung devem ficar imunes ao enfraquecimento da demanda.

De acordo com a consultoria, as operadoras continuam cautelosas com o planejamento do portfólio e subsídios de hardware, levando a uma perspectiva pessimista na categoria de smartphones. Ao mesmo tempo, elas promovem parcerias atingindo cada segmento dos dispositivos, como uma forma de impulsionar a estratégia do consumidor e da empresa. Preços competitivos e pacotes atraentes continuarão a ser priorizados por operadoras e canais de varejo.

Para os fornecedores de smartphones, a oportunidade está na diferenciação de novos produtos e mensagens de marketing, concentrando recursos em um ou dois segmentos-alvo. As marcas devem gerenciar os riscos financeiros, especialmente componentes e estoque de canal para dispositivos exclusivos para o mercado norte-americano, para proteger-se do risco de queda na demanda.