No mundo inteiro, forças de segurança pública, como polícia, corpo de bombeiros e defesa civil, costumam usar rádios de comunicação em banda estreita, geralmente em redes com frequência dedicada para essa finalidade e com tecnologias antigas, como a Tetrapol. A migração para banda larga móvel acontece aos poucos e com muito cuidado, porque tais serviços precisam garantir segurança e prioridade no tráfego. Um mercado que está avançando nessa direção é o México, onde a Airbus lançou recentemente um operadora móvel virtual segura (SMVNO, na sigla em inglês), para combinar Tetrapol e 4G de forma interoperável, em uma rede híbrida, e permitindo a adoção de várias novas aplicações pelos agentes de segurança mexicanos. A MXLINK, como foi batizada, é a primeira SMVNO da Airbus no mundo. A companhia quer levar a mesma proposta para outros países da América Latina, dentre os quais o Brasil.

“No combate ao crime, policiais e outros agentes de segurança precisam de informações que dependem de banda larga. Estamos apenas começando a explorar as possíveis novas soluções em segurança pública. Há grandes oportunidades à frente. O que aprendermos no México poderá ser aproveitado em outros países”, comenta Fred Gallart, CEO da Airbus Secure Land Communications na América Latina, em entrevista para Mobile Time.

Desde 1999 o México conta com uma rede nacional de radiocomunicação (RNR) com tecnologia Tetrapol para suas forças de segurança. Trata-se de 32 redes, uma para cada estado mexicano, que estão interconectadas e que são utilizadas também pelas forças nacionais de segurança. A Airbus foi a responsável pela sua construção. Hoje 110 mil dispositivos estão conectados à RNR, utilizados por 220 mil agentes de segurança. Com esses rádios é feita a comunicação PTT (push to talk) e é possível realizar pequenas transmissões de dados, como o envio da localização.

Fred Gallart, CEO da AirBus Secure Land Communications na América Latina

A MXLINK, por sua vez, combina, como operadora móvel virtual, espectro de duas operadoras celulares: Telcel e Altan. Esta última é a única empresa responsável pela implementação da infraestrutura de 4G em 700 MHz no México, atuando exclusivamente como uma “carrier de carrier”, ou seja, vendendo capacidade para outras operadoras. O que torna a MXLINK uma MVNO segura, ou SMVNO, é a garantia de priorização de tráfego para a comunicação das forças de segurança, através de uma plataforma de Quality of Service (QoS). “Garantimos que os policiais tenham prioridade maior que qualquer outro usuário. Se houver um terremoto e o número de chamadas subir, a preferência será sempre dos serviços de missão crítica”, explica Gallart. Além disso, a MXLINK tem interoperabilidade com a rede legada Tetrapol, permitindo a comunicação entre smartphones Android e rádios antigos.

Inúmeras novas aplicações podem ser criadas para segurança pública com banda larga móvel. Transmissão de imagens em tempo real através de câmeras acopladas ao uniforme de policiais é uma delas. Outra, já em implementação no estado mexicano de Chihuahua, é a digitalização do relatório policial sobre a cena de um crime, eliminando o uso de papel, o que reduz erros e o risco de fraude.

Adoção e expansão

A MXLINK foi adotada por dois estados mexicanos até agora, Chihuahua e Querétaro. A SMVNO tem hoje 2,3 mil usuários e espera chegar a 160 mil em cinco anos. Gallart não acredita que os estados mexicanos vão desligar as antigas redes Tetrapol, por causa de investimentos recentes que fizeram nelas, mas devem mantê-las em paralelo à MXLINK, como redes híbridas.

Enquanto isso, a Airbus procura levar a ideia para outros países da América Latina. Gallart reconhece que o caso mexicano é muito particular, em razão da adoção de uma rede única em 700 MHz para compartilhamento entre operadoras. Em outros mercados, a Airbus está disposta a flexibilizar seu modelo de negócios. Em vez de ser ela própria a SMVNO, a companhia pode prover a solução para terceiros.

“O maior problema é que as teles não têm foco exclusivo em segurança pública, algo que uma SMVNO precisa ter”, explica o executivo.

Segundo Gallart, há conversas, ainda preliminares, sobre a possibilidade de compra de uma empresa que opera em banda estreita em um país da região e que conta com licença para migrar para banda larga móvel – a decisão sobre a aquisição deve sair até o final do ano. E no Brasil o plano é entrar através de parcerias.

Fórum de Operadoras Inovadoras

A experiência da Airbus com sua SMVNO no México será relatada em mais detalhes durante palestra de Sergio Coutinho, diretor de Secure Land Communications da Airbus no Brasil, no Fórum de Operadoras Inovadoras, dia 30 de março, no WTC, em São Paulo. A agenda atualizada e mais informações sobre o evento estão disponíveis em www.operadorasinovadoras.com.br, ou pelo telefone 11-3138-4619, ou pelo email [email protected].