A sigla mais falada nada edição deste ano da Cartes, em Paris, é HCE (Hostcard emulation), tecnologia para simular um cartão inteligente para uso em smartphones Android com NFC, mas sem a necessidade de presença do elemento seguro no SIMcard ou no terminal, que fica na nuvem. Embora comente-se muito o impacto que o HCE teria em serviços de pagamento, como cartões de crédito, especialistas acreditam que seu maior potencial pode estar especificamente no transporte público.

Para Patrick Henzen, da Silverpeap Technology, empresa de Hong Kong especializada em soluções de TI para serviços de transporte público, o HCE tem grande chance de ser o caminho escolhido por esse setor na adoção de NFC. A primeira vantagem é a possibilidade de tratar diretamente com os passageiros, através de um app, sem precisar pagar para uma operadora ou para um fabricante de smartphones para embutir um elemento seguro no SIMcard ou no telefone, respectivamente.

Mas por que levar os tíquetes para dentro do celular? Do ponto de vista da operadora de transporte público, há uma economia nos custos com emissão e gerenciamento de cartões. Além disso, ganha-se um novo canal de comunicação com o cliente: um app dentro do celular. Por fim, são reduzidas as filas nos tokens de recarga ou de compra de tíquetes, pois o telefone passa a ser o canal para essa operação. Para o consumidor, o ganho está na conveniência.

Contudo, Henzen adverte que o HCE funcionaria melhor substituindo sistemas de tíquetes que valem por uma certa quantidade de viagens ou de dias, e não cartões pré-pagos que descontam o valor da passagem a cada utilização. Isso porque no primeiro caso seriam necessárias menos alterações na infraestrutura de validação, além de não depender de uma conexão de rede no smartphone do usuário no momento da passagem na roleta – o token válido para aquela viagem fica armazenado antecipadamente.