A Mission Brasil (Android, iOS) anuncia que vai abrir uma nova rodada de investimentos. A empresa, fruto da gig economy, faz a ponte entre companhias que precisam de mão de obra rápida e pessoas interessadas em ganhar um dinheiro extra. Criado em 2016, a plataforma reúne, atualmente, mais de 800 mil usuários cadastrados, alcança mais de 5 mil municípios e já realizou mais de 700 mil tarefas. A origem da empresa é curiosa: ela nasceu em meio a uma crise, depois de uma epifania provocada por algumas doses a mais de álcool.

Thales Zanussi, cofundador e CEO da Mission Brasil. Crédito: divulgação
Atualmente, o app oferece cerca de 300 tipos de missões para os usuários realizarem. Pode ser tirar a foto de um determinado produto na prateleira de um salão de beleza ou de um supermercado, ser shopper por um dia, responder uma pesquisa ou colocar produtos em uma gôndola de mercado (caso a empresa do item não tenha um time local para realizar o serviço).
“Se isso tudo [inteligência artificial e robôs] que vocês estão falando der certo, nós precisaremos fazer o papel de distribuir renda para todas as pessoas que vão acabar sendo expurgadas ou vão ficar para escanteio nessa discussão do mercado de trabalho”, acredita Thales Zanussi, fundador e CEO da Mission Brasil, em conversa recente com Mobile Time.
Os quatro pilares da Mission Brasil
A Mission Brasil opera sobre quatro principais linhas de produto, que concentram 80% do negócio:
- Pesquisa de Mercado: Envolve pesquisas quantitativas e qualitativas, como Go-to-market e NPS. Exemplo popular entre os usuários: visitar um local e tirar fotos de produtos na gôndola para coletar informações em tempo real.
- Customer Experience (Cliente Oculto): Visitas presenciais e online para avaliar a rede da empresa ou dos concorrentes em termos de preço, produto e estratégia de vendas.
- Staffing (Steping): É o produto de maior crescimento. Empresas contratam “missionários” (como são chamados os usuários da plataforma da Mission Brasil) por diárias para ações promocionais, reposição de gôndolas ou outras tarefas em regiões onde não possuem equipe local. Este pilar também é vital para o e-commerce, conectando diaristas (gig economy) com a logística de picking e packaging. A Mission atua hoje em 2,5 mil supermercados, auxiliando, por exemplo, em pedidos de e-commerce como o iFood.

Tela da plataforma da Mission Brasil. Crédito: divulgação
- Software as a Service (SaaS): A Mission licencia seu software (em white label) para que as próprias empresas utilizem com seu time de campo. O software oferece ferramentas como gamificação, pontuação e gestão em tempo real.
Epifania: da crise para a oportunidade
A ideia da Mission surgiu em 2016, mas o go live só aconteceu em 2018, após um ano e meio programando os algoritmos da plataforma e do aplicativo. Originalmente, a empresa trabalhava em um projeto chamado Clique Placa, que coletava fotos de placas de veículos e jogava a geolocalização em um big data para rastrear o comportamento e o deslocamento do veículo.
O projeto, que era financiado pela Cetip (empresa que operava o mercado de balcão organizado, responsável por registrar, custodiar e liquidar ativos financeiros como títulos privados de renda fixa, derivativos e fundos de investimento), faliu após a fusão da sua financiadora com a Bovespa, resultando na B3 e na perda do investimento. Em um momento de grande pressão, tendo gasto o dinheiro para coletar 6 milhões de fotos de placas, Thales, depois de uma “noite super mal dormida”, e de “ter bebido todas”, teve uma epifania:
“Nossa, na verdade a gente desenvolveu algo muito maior do que tirar foto de placa de veículo. Na verdade, a plataforma que a gente criou serve para fazer qualquer coisa que uma empresa precisar. Então, ela é um mecanismo de conectar pessoas com as necessidades de uma empresa”, resume.
A partir dessa percepção, Thales e seu sócio pivotaram o negócio, que viria a se chamar Mission Brasil, aproveitando a plataforma que já existia para conectar pessoas que buscavam renda extra com as necessidades das empresas.

