Uso do equipamento aumentou em 104% as notificações de casos de violência doméstica (Foto: divulgação/PMESP)

Um relatório publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) avaliou o impacto do uso de câmeras portáteis pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP). As chamadas Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) foram responsáveis por reduzir em 57% o número de Mortes Decorrentes de Intervenção Policial (MDIP), em relação à média do período anterior à implantação da tecnologia.

A análise contemplou o período entre janeiro de 2019, fase de pré-intervenção, e julho de 2022. A pesquisa mostrou que foram evitadas 104 mortes nos primeiros 14 meses de introdução das câmeras, que se iniciou em agosto de 2020. O número de policiais mortos em decorrência de ações também foi reduzido.

O número de Lesões Corporais Decorrentes de Intervenção Policial (LCDIP) caiu 63%. Houve um aumento do registro de ocorrências de porte de drogas em 78%, e 24%, do porte de armas. Registros de casos de violência doméstica cresceram 102%, um tipo de crime tipicamente sub-reportado. O estudo concluiu que as COPs ajudaram na redução da subnotificação de crimes com menor potencial ofensivo, como furtos, discussões e brigas, agressões e ameaças. 

Segundo os pesquisadores, os resultados sugerem que as câmeras contribuem para aumentar a percepção do policial de que está sendo supervisionado, já que as imagens representam um aumento na capacidade de supervisão do cumprimento de protocolos policiais. Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) estadual coletados até o segundo trimestre de 2022 reforçam a pesquisa da FGV, mostrando uma redução de 72% da letalidade policial no estado de São Paulo com uso das COPs.

A análise foi feita com base em ocorrências nas áreas de 149 unidades policiais que utilizavam a tecnologia no período estudado, em comparação com as que não o fazem, dentro da Região Metropolitana de São Paulo. O estudo teve como foco as três primeiras fases de implantação (junho de 2021, fevereiro de 2022 e abril de 2022), do total de quatro. Como fontes de dados, foram utilizadas ocorrências lavradas pela Polícia Civil e Boletins de Ocorrência da PM (BOPM).