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Ilustração: La Mandarina Dibujos/Mobile Time

A nova edição da Série Cidadania Financeira, publicação do Banco Central (BC) que analisa os dados do Global Findex, pesquisa do Banco Mundial, mostra que 26% dos brasileiros utilizaram o celular para pagar contas de serviços básicos em 2021.

Este percentual está acima da média de outros grupos. Dos 122 países pesquisados, o Brasil ocupa a posição 29 entre os que mais utilizaram o dispositivo para realizar esses pagamentos. Suécia, Finlândia e Noruega foram os países que mais reportaram o comportamento, com 49%, 46% e 45%, respectivamente.

Segundo a pesquisa, 85% dos brasileiros adultos entrevistados afirmaram possuir um celular. No Brasil, 23% disseram receber o salário por meio do celular. Como não há contas financeiras em operadoras de telefonia celular no País, o BC acredita que esse dado provavelmente reflete o uso de smartphones para efetuar transações e verificar movimentações na conta.

Pagamentos digitais

O levantamento também aponta que houve um crescimento no uso de pagamentos digitais no País. Entre 2017 e 2021, o número de brasileiros que utilizaram esse meio saltou de 58% para 77%. A porcentagem está próxima da média da América Latina (66%), mas abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que foi 96%.

A pesquisa do BC mostra que, entre a população de baixa renda, houve um maior uso de pagamentos digitais, no Brasil. Em 2017, 43% do grupo de menor renda (os 40% mais pobres) utilizavam pagamentos digitais, contra 68% dos mais ricos (os 60% com maior renda) – uma diferença de 25 pontos percentuais. Com 72% dos mais pobres utilizando pagamentos digitais, em 2021, essa diferença caiu para 7 p.p..

Perfil

Gráfico mostra variações em pagamentos digitais pelo perfil dos entrevistados. (Crédito: reprodução/Banco Central)

Entre 2017 e 2021, a lacuna geracional também diminuiu 25 p.p., já que os mais jovens passaram a usar mais pagamentos digitais, ultrapassando pela primeira vez os mais velhos. No entanto, surgiu uma discrepância de gênero. Em 2017, percentuais semelhantes de mulheres e homens haviam afirmado realizar pagamentos digitais (respectivamente, 57,3% e 58,5%). Já em 2021, essa diferença aumentou para 8 p.p. – 72,6% das mulheres e 80,3% dos homens.

Os fatores que podem estar relacionados ao crescimento dos pagamentos digitais no País, segundo Diogo Nogueira Cruz, do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central, são: maior número de prestadores de serviço no mercado; expansão das fintechs, principalmente das IPs; evolução tecnológica; criação do Pix; maior acesso da população à Internet e os smartphones.

Sobre o estudo

Em junho de 2022, o Banco Mundial publicou a quarta edição do Global Findex. O levantamento foi realizado em 2021, por meio de entrevistas com cerca de 125 mil adultos, em 123 países. No Brasil, a pesquisa foi feita por telefone e contou com uma amostra de 1.002 respondentes.

É importante ressaltar que a definição de pagamentos digitais do Global Findex é abrangente, considerando as seguintes operações:

  • Fazer pagamentos utilizando um cartão de débito, um cartão de crédito ou um telefone celular;
  • Usar Internet ou um celular para pagar contas, enviar dinheiro para parentes ou amigos, fazer uma compra online ou fazer uma compra em loja física, bem como receber pagamento por produtos agrícolas;
  • Também considera pagamento de contas de serviços públicos, transferências de dinheiro e recebimento de transferências do governo ou pensão pública realizados diretamente de uma conta ou para uma conta de instituição financeira ou conta de dinheiro móvel.