A padronização do 5G foi um dos temas mais falados durante o Mobile World Congress em Barcelona este ano e apareceu também nesta semana durante o LTE Latin America, evento realizado no Rio de Janeiro. O problema é que indústria e operadoras estão em ritmos diferentes. Enquanto os fabricantes querem começar a discutir desde já o 5G, algumas teles, pelo menos na América Latina, preferem focar no que ainda precisa ser melhorado em suas redes 4G. A divergência ficou clara em um painel realizado no LTE Latin America, nesta quinta-feira, 7.

"Temos vários desafios em 4G antes de falar de 5G, como a adoção de small cells, a virtualização da rede, o compartilhamento da camada de acesso. E não há demanda tão grande na Argentina que não possa ser atendida pelo 4G. Temos tempo para esperar com calma a evolução para 5G", disse Martin Wessel, head de evolução tecnológica da Telecom Personal, uma operadora argentina.

O vice-presidente de marketing de redes sem fio e soluções da Huawei, Mohamed Madkour, discorda: "Temos que pensar o 5G agora, mesmo se estivermos apenas começando no 4G. Não se trata apenas de uma evolução do LTE. O 5G vai permitir novas aplicações e até novas indústrias e novas entidades. Está além da tecnologia: vai transformar a maneira como fazemos negócios."

Janilson Bezerra, head de inovação da TIM, faz coro com a visão da Huawei de que o 5G pode modificar certos paradigmas de negócios em telecom. "A indústria está acostumada a vender aparatos, caixas, equipamentos para as empresas de telecom que, por sua vez, os utilizam para vender serviços simples de conectividade. Esse é um paradigma que o 5G precisa resolver, que precisa ser enfrentado por cada um dos participantes no ecossistema de telecom", disse.

Diego Lanzaro, executivo da área de planejamento de rede da operadora uruguaia Antel, acredita que o aumento de conexões de Internet das Coisas (IoT), aliado à necessidade de mais espectro, especialmente em faixas altas, acima de 6 GHz, e a demanda por serviços com menor latência vão levar as operadoras a investirem em 5G.