A Nokia anunciou na madrugada desta quarta-feira, 7, o plano de liderança e estrutura organizacional da empresa após a fusão com a Alcatel-Lucent (ALU), transação de US$ 17,6 bilhões e cuja finalização deverá ocorrer em meados do ano que vem. Em comunicado, a companhia afirmou querer criar um líder em inovação e na próxima geração de tecnologias e serviços. A empresa finlandesa planeja realocar a maioria dos cargos de liderança para seus funcionários: do total de 13, apenas três ficaram com profissionais vindos da ALU, que comandarão as novas áreas de negócios de redes fixas.

"Por enquanto, é um primeiro passo, é o 'nível -1' da transação. Ainda somos competidores da Nokia e todo o processo de aprovação ainda está acontecendo, ainda fica pendente na China e aprovações por parte de acionistas das duas empresas", explicou o presidente da ALU no Brasil, Javier Falcon, durante conversa com a imprensa em São Paulo. Ele disse também que é necessário haver a troca de ações e mantém a previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2016.

Em comunicado, o CEO da Nokia, Rajeev Suri, afirmou que a transação está progredindo bem e que a nova estrutura vai "ajudar a categorizar os próximos passos na transformação da Nokia". Assim, ao concluir a incorporação da ALU, a companhia será conduzida em quatro grupos de negócios: Redes Móveis, Redes Fixas, Aplicações e Analytics e Redes IP/Óticas. Além dessas, a Nokia Technologies continuará a operar como um grupo separado com foco em licenciamento e incubação de novas tecnologias. O presidente continuará a ser Ramzi Haidamus.

Também atuará como uma divisão separada a área de cabos submarinos da francesa, a Alcatel-Lucent Submarine Networks (ASN). Ainda na noite na terça-feira, a companhia anunciou ter desistido de desinvestir nessa área. A Nokia afirma que vai operar a ASN como entidade separada.

Novos nomes

A área de redes móveis incluirá portfólios de ambas empresas, além dos negócios de micro-ondas da Alcatel-Lucent e todos os serviços gerenciados fim-a-fim. O presidente será Samih Eihage, que atualmente é vice-presidente executivo e CFOO da Nokia Networks. Na área de redes fixas ficará Federico Guillén, que assume atualmente a mesma área na Alcatel-Lucent. Esse braço da empresa lidará com acessos em fibra e cobre (provavelmente focando na tecnologia G.fast, a se levar pelos últimos anúncios da ALU).

Já para a área de aplicações e analytics, que incluirá todas as operações de software e de dados (como gerenciamento de experiência do consumidor, OSS, orquestração e cloud), o comando também será de um atual executivo da ALU: Bhaskar Gorti, atual presidente de plataformas IP da fornecedora francesa. Para a divisão de IP/redes óticas, o terceiro da Alcatel-Lucent: Basil Alwan, que cuida atualmente de roteamento IP e transporte.

Estrutura

A companhia combinada deverá ter uma organização de vendas comum em todas as unidades de negócio, exceto para a Nokia Technologies. Reportarão ao CEO Rajeev Suri os seguintes executivos (todos vindos da Nokia): Timo Ihamuoitila, como diretor financeiro (CFO); Ashish Chowdhary, como CCOO (chief customer operations officer); Hans-Jürgen Bill, como diretor de recursos humanos (CHRO); Kathrin Buvac, como diretora de estratégia (CSO); Barry French, como diretor de marketing (CMO); e Maria Varsellona, como CLO (chief legal officer).

Não há menção ao cargo de de diretor de tecnologia (CTO) – atualmente, na Alcatel-Lucent, Marcus Weldon é o responsável, enquanto na Nokia a função é de Hossein Moiin. Por outro lado, o diretor de banda larga móvel da Nokia, Marc Rouanne, passará a ser CIOO (chief innovation and operating officer) da nova entidade e "usará forças do Bell Labs e da FutureWorks para moldar a visão da Nokia através dos grupos de negócio". Javier Falcon garante que a estrutura do Bell Labs, cujo centro de demonstração foi reinaugurado também nesta quarta-feira em São Paulo, será mantida no Brasil.