A expansão do serviço de banda larga fixa pelo interior do Brasil tem sido puxada por pequenos provedores de Internet, muitos deles associados à NeoTV, que juntos somam mais de 3 milhões de assinantes em mais de 4 mil municípios. Ao longo dos próximos anos, é provável que muitos deles sejam assediados por grandes players interessados em sua infraestrutura para a interiorização da banda larga móvel, inclusive com 5G, que vai requerer mais antenas do que o 4G e o 3G. O problema é que boa parte desses provedores não mantêm de forma organizada dados sobre sua própria operação, o que tende a reduzir o seu valor em eventuais negociações para venda, fusão ou aporte de novos investidores, alerta Vinicius Evangelinos, diretor da BDO. O executivo participa do encontro anual da NeoTV, nesta quarta-feira, 7, em São Paulo.

Evangelinos recomenda que os provedores mantenham devidamente documentados todos os investimentos e receitas dos últimos cinco anos. “Tudo o que você não conseguir comprovar será descontado do seu preço”, explicou, referindo-se a uma eventual negociação de venda da empresa. E recomendou que esse cuidado seja tomado até mesmo pelos empreendedores que neste momento não pensam em vender suas companhias, porque podem mudar de ideia no futuro.

Participando do mesmo evento, Rafael Pellon, advogado e sócio do escritório FAS Advogados, concorda com as recomendações de Evangelinos e reforçou o valor dos ativos desses pequenos provedores: “No fundo vocês são administradores de ativos imobiliários, ou seja, de ativos fixos. Se não tiverem controle do que têm dentro de casa, seu valor vai lá para baixo”.

Revisão estratégica

Na abertura do evento, o diretor geral da NeoTV, Alex Jucius, comentou o atual momento vivido pelos membros da associação. A maioria nasceu como operadora de TV por assinatura no interior do País, mas hoje muitos oferecem também banda larga fixa e alguns até telefonia fixa e móvel. Todavia, a queda do mercado de TV paga, por conta da crise econômica, da pirataria e da competição das OTTs, obriga essas empresas a repensarem seus modelos de negócios.

“Ninguém quer passar pela mesma ruptura que a indústria da música passou. Por isso temos que pensar se o modelo de negócios está adequado. Temos que pensar no consumidor final. Será que entregamos um bom produto a um preço justo? É uma análise que precisamos fazer”, ponderou.