Carlos Netto, CEO da Matera (crédito: divulgação)

A Matera está lançando dois produtos para instituições financeiras de dentro e de fora do Brasil nesta semana durante o Febraban Tech: um é a versão de Pix para atender o mercado de pagamentos instantâneos nos Estados Unidos, e o outro é a criação da plataforma em nuvem Digital Twins (Gêmeos Digitais, na tradução do inglês) que transforma o legado analógico do core bancário em digital.

EUA

A companhia começa sua jornada nos Estados Unidos por meio do FEDNow, o serviço de pagamentos instantâneos do FED similar ao brasileiro Pix. Programado para ser lançado em 2023, o ‘Pix dos EUA’ abriu em março deste ano um espaço com várias empresas que podem prover serviços no ecossistema de pagamentos instantâneos aos bancos norte-americanos. Um dos convidados pelo FED para entrar neste espaço foi a Matera.

“Estamos sendo bem recebidos nos EUA. Não posso falar o nome dos bancos, mas são todos do topo”, relata Carlos Netto, CEO da Matera. “Os grandes bancos colocam a Matera na mesa de negociação por conta do Pix. As portas se abriram nos Estados Unidos graças ao trabalho que fizemos com os pagamentos instantâneos no Brasil”, diz ao lembrar que a sua companhia já processou 55 milhões de contas no sistema de Pix, o equivalente a 25% da população local.

Netto explicou que o FEDNow é igual ao Pix, mas o que muda é o cronograma de trabalho: “Eles começam com débito em conta, e no Brasil fizemos isso por último. Mas nós começamos com o P2P, e o P2P dos Estados Unidos será a última etapa do cronograma deles”, detalha.

Gêmeos Digitais

O Pix acumula 2 bilhões de transações e 118 milhões de usuários em praticamente um ano e meio de atividade, segundo dados do Banco Central de junho deste ano. Junto a este cenário, Netto explica que muitos bancos não estavam preparados e as equipes de TI ficaram sobrecarregadas de trabalho por precisarem manter os aplicativos no ar 24h/7.

Dentro das empresas financeiras, uma atividade funcionando o tempo todo, sem pausas, pode trazer problemas. Em especial nos momentos de migração de tecnologia do legado para versões mais avançadas.

“Conseguimos transformar tudo que é analógico (legado) em digital no core do banco, tudo aquilo que o usuário precisa para ser feliz”, explica. “O Digital Twin é um motor de contas com uma série de conectores. Tem um sistema de contas que compara dado a dado. Organiza a ordem de serviços, debita, credita, dá limite”, completa.

Entre as vantagens que a solução traz estão: fazer teste A/B de novas aplicações; lançar aplicações para bases específicas; acessar  dados mais rapidamente (para análise antifraude, por exemplo); transacionar com múltiplas moedas, considerando também o fuso horário das transações etc.

Netto afirmou que não é tudo que precisa passar pelo gêmeo digital, apenas as tecnologias que são utilizadas pelo consumidor. As outras funções mais internas do banco, como cálculo do Fundo Garantidor (FGC) e depósito de compulsórios, não precisam.

Com o conceito de omnicloud e omnidatabase, ou seja, funciona em qualquer nuvem e banco de dados, a solução é ofertada como SaaS ou direto na nuvem dele. E a cobrança é feita por transações ou volume de contas: “Estamos usando em um cliente beta. Depois que ele estiver pronto, nós vamos vender no mercado. Mas quem tiver interesse pode nos procurar. A receptividade das reuniões que tivemos foi ótima”, completou.

Assim como o Pix, a solução de gêmeo digital também começa a ser ofertada ao mercado norte-americano.