O ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi alvo de críticas de deputados durante audiência pública nesta quarta-feira, 9, ao questionar a derrubada dos vetos do Presidente Jair Bolsonaro ao PL 3.477, que destina R$ 3,5 bilhões do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações) para o acesso à Internet de alunos e professores da educação básica pública.

Ribeiro definiu o valor como uma “dificuldade extra”. “Estou amarrado diante da decisão do Parlamento. Há uma dificuldade e eu peço ajuda para tentar sair dessa situação. Essa despesa vai atingir o teto de gastos e eu vou ter que cortar em algum lado”, afirmou o ministro. “Imagine, não sou contra Internet, dispositivos móveis, nada”, completou.

Mesmo com o desbloqueio de R$ 900 milhões anunciado pelo Ministério da Economia, o ministro reiterou que políticas prioritárias do MEC estão ameaçadas por falta de recursos. “Meu maior sonho era ser ministro da Educação sem pandemia”, disse.

As declarações de Ribeiro geraram reações imediatas dos parlamentares. “A derrubada dos vetos foi votada de maneira consensual entre governistas e oposição, incluindo a participação de representantes do MEC. Os recursos são provenientes do Fust, não são novas despesas”, afirmou a deputada Sâmia Bonfim (Psol/SP) ao Mobile Time. “Nós nos mobilizamos para fazer chegar R$ 3,5 bilhões para garantir a inclusão digital de milhões jovens e hoje somos responsáveis por criar um problema para o MEC”, apontou o deputado Danilo Cabral (PSB/PE).

Bomfim lembrou ainda da importância da Internet para alunos e educadores do País. “Ele coloca como uma questão menor o fato de cerca de 18 milhões de alunos e cerca 1,5 milhão de educadores não terem acesso à Internet. Como se a conectividade fosse prejudicar outros aspectos educacionais”, finalizou a deputada, ressaltando que os parlamentares cobrarão do ministério o cumprimento da lei.