As grandes cidades do futuro estarão repletas de sensores por toda a parte, coletando e analisando dados que fundamentarão decisões de seus gestores. Mais do que cidades inteligentes ou sustentáveis, serão cidades "cognitivas", capazes de se descobrir, de se entender, de aprender consigo mesmas. O conceito foi apresentado por Antonio Carlos Dias, executivo de soluções de governo e de cidades mais inteligentes da IBM, durante o seminário "Metrópole Sustentável", realizado pela FGV no Rio de Janeiro, nesta terça-feira, 9.

Boa parte dos dados coletadas no dia a dia de uma cidade usarão a rede celular para a sua transmissão até centros de controle para a análise por gestores públicos. E não serão apenas dados gerados por sensores específicos, mas também pelos cidadãos, através de seus telefones móveis. É possível, por exemplo, acompanhar o trânsito de uma grande cidade pelo deslocamento da massa de celulares pelas ruas – sem necessariamente contar com aplicativos móveis como o Waze. Agregando-se os diversos dados coletados e uma modelagem estatística, torna-se possível prever engarrafamentos. "Tempo real não é mais suficiente no trânsito. Os gestores precisam saber com duas horas de antecedência onde vai acontecer um engarrafamento", disse Dias. Segundo o executivo, já existe uma experiência desse tipo em Singapura.

Em tempos de big data, Dias destaca que os dados estruturados serão minoria. A grande maioria serão dados desestruturados, ou seja, dados incertos, providos sem uma frequência, uma origem ou um volume previsíveis.

Urbanização

A necessidade de as cidades se tornarem mais inteligentes é fundamental nos tempos atuais, de intensa urbanização. Em 2007, pela primeira vez havia no mundo mais gente vivendo em cidades do que no campo. Em 2050, estima-se que 70% da população mundial estará vivendo em centros urbanos.

Na América Latina, em 2007, as 198 maiores cidades reuniam 260 milhões de habitantes e um PIB equivalente ao da Índia e da Polônia somados. Dessa lista, as 10 maiores cidades respondiam por 100 milhões de habitantes e 1/3 do PIB da região. Em 2025, essas 198 cidades terão 315 milhões de habitantes e um PIB equivalente a três vezes o da Espanha.

Para Dias, é preciso entender que as tecnologias necessárias para construir cidades cognitivas já existem. "O desafio agora é como aplicar as tecnologias. Faltam processos, falta gente qualificada, falta informação etc", comentou.