Plataforma possui apartamentos de um ou dois dormitórios, além de studio (crédito: divulgação)

Um meio-termo entre hotel e Airbnb (Android, iOS), a Xtay (Android, iOS) foi lançada, em 2021, como uma alternativa para aluguéis de curto prazo. Apesar dos poucos anos de atividade, para 2023 a startup tem previsão de faturamento bruto de R$ 10 milhões e espera alcançar 1,2 mil unidades de apartamentos disponíveis na plataforma até o fim deste ano, recebendo um aporte de R$ 2 milhões de investimento.

A ideia por trás da Xtay é unir a experiência da hotelaria ao aluguel de curto e médio prazo. Seguindo um estilo padronizado, as unidades possuem as mesmas comodidades que qualquer apartamento, como cozinha completa, sofá, ar-condicionado, televisão e geladeira. “A sensação é uma sensação de casa”, resume Gabriel Fumagalli, cofundador e CEO da startup. Além disso, o hóspede dispõe de um suporte remoto 24 horas, caso precise de ajuda, como um concierge de hotel. Ele também pode contratar a limpeza do local durante sua estadia.

O processo de check-in e check-out é totalmente digital, tudo é feito pelo app. Inicialmente, por questão de segurança, o hóspede precisa tirar uma selfie e uma foto do seu documento – e só. A partir disso, com o smartphone, ele consegue ter acesso ao seu apartamento e às áreas comuns do edifício, seja aproximando o dispositivo, por NFC, ou com uma senha disponibilizada. Alguns prédios contam até mesmo com academia, lavanderia e churrasqueira.

Além do site e app próprios, os apartamentos da Xtay são distribuídos pelo Airbnb e Booking.com (Android, iOS). Pode parecer uma contradição, mas Fumegalli não enxerga as plataformas como concorrentes, mas sim como parceiras. Na visão dele, a credibilidade delas pode ajudar a promover os serviços da startup, principalmente nessa fase inicial. Por meio delas, os interessados encontram apartamentos de um ou dois dormitórios, bem como studios.

Comunidade

Segundo o CEO, a ideia é ir além de um hotel. A Xtay quer integrar a experiência dos hóspedes aos serviços que a própria região oferece. “Diferente do hotel, que é basicamente trazer tudo para um consumo dentro, queremos criar esse senso de comunidade, utilizando o que o bairro tem, mas trazendo essa informação de forma simplificada aos hóspedes para dentro do aplicativo”, explica.

Atualmente, o app ainda não contempla nenhuma integração interna. Nele, há informações sobre a região, como restaurantes próximos, farmácias e chaveiros, funcionando mais como uma parceria comercial, em que a plataforma indica os serviços para os hóspedes. Isso é acessado por um QR code, disponível dentro da acomodação. Futuramente, o plano é fazer integrações para que tudo funcione dentro do app.

Assim como outras plataformas, os preços para aluguel são dinâmicos (crédito: divulgação)

“É envolver tudo o que o hóspede precisa durante uma hospedagem, como uma integração com o aplicativo de mobilidade, por exemplo. Eu já sei onde ele está localizado, então por que não chamar um motorista por dentro do meu aplicativo?”, sugere. Entrariam nesse ecossistema prestadores de serviços, como cabeleireiros e manicures. “Essa é a visão, agregar serviços para esse hóspede ter uma experiência que vai muito além da acomodação, mas sem eu ter esse serviço propriamente”, afirma.

Seu edifício flagship, inaugurado em São Paulo nesta semana, sumariza a proposta da Xtay. Localizado na boêmia rua Oscar Freire, ele possui 28 apartamentos, entre 33 e 44 metros quadrados. Dentro, ele conta como um minimercado, de autoatendimento. Em SP, está sendo feita uma parceria com a startup Box 24×7, especializada em aluguel de itens de casa, como secador de cabelo ou ferro de passar. Como em um hotel, os hóspedes podem pedir esse itens, que são entregues diretamente no apartamento.

Modelo de negócio

“Eu sou empreendedor e já tive outras empresas de tecnologia. Percebi, principalmente, o gap de tecnologia que existia no mundo hoteleiro e o quanto o aluguel de temporada estava se tornando a primeira forma de hospedagem”, conta Fumegalli. “A Xtay é basicamente um profissionalizador dessas unidades que antes eram disponibilizadas, por exemplo, como Airbnb”, diz.

Em 2021, as primeiras unidades foram inauguradas, em Santa Catarina. A companhia já expandiu para Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e, em breve, chegará a João Pessoa, com Porto Alegre no roadmap. Atualmente, estão ativas em torno de 150 unidades. No primeiro semestre de 2023, o objetivo é duplicar esse número. Até o final do ano, Fumegalli espera chegar a 1,2 mil unidades, fortalecendo as operações nas cidades onde a plataforma já está. A taxa de ocupação tem crescido, ficando entre 80 a 85%. A companhia cresceu oito vezes do começo ao fim de 2022, atendendo mais de 10 mil hóspedes.

Diferente das plataformas que conectam proprietários de imóveis a usuários, todos os apartamentos são geridos pela Xtay. Os imóveis, no entanto, pertencem a investidores institucionais com ativos imobiliários, como fundos imobiliários e family offices, que ficam com parte da receita, rentabilizando o imóvel. Geralmente, são prédios inteiros. Fumegalli conta que, no mínimo, são blocos de 20 apartamentos, idealmente, ainda que existam exceções.

Acomodações contam com facilidade de um apartamento, como utensílios de cozinha (crédito: divulgação)

A startup tem como sócio majoritário a Átrio Hotéis, uma das principais administradoras hoteleiras do Brasil, que agrega com sua experiência no ramo. Por conta disso, é também a principal aportadora de capital na empresa, que já recebeu R$ 2 milhões de investimento. Mais R$ 2 milhões devem chegar até o fim de 2023.

“Hoje, existem outras empresas operadoras de short stay no Brasil, mas eu entendo que nós somos uma das primeiras com esse viés de tecnologia, com foco nessa plataforma, que une o investidor, o hóspede, os prestadores de serviço. As outras empresas que operam têm um viés somente de serviço, de operar um empreendimento. O que eu tenho trabalhado muito é essa educação para o mercado de negócios imobiliários, como isso sendo um ativo de renda passiva, em que o investidor não tem dor de cabeça nenhuma. A dor de cabeça é toda minha, ele só é rentabilizado por isso”, afirma.