O celular pode ser uma excelente ferramenta para a realização de pesquisas de mercado. Foi o que percebeu executivo Eduardo Grinberg: após muitos anos de experiência em marketing e propaganda, decidiu criar uma start-up móvel chamada PiniOn, que presta serviços de pesquisas para marcas usando o iPhone como instrumento de contato com os entrevistados. Em apenas três meses desde o seu lançamento, foram realizadas mais de 50 pesquisas que somaram 28 mil participações das cerca de 10 mil pessoas que baixaram e usam o app. Em uma indicação de que está no caminho certo, nesta semana o PiniOn conseguiu um aporte de R$ 1,2 milhão de três investidores-anjo.

A inspiração para o PiniOn veio das plataformas de crowdsourcing e crowdfunding, explica Grinberg. A ideia é atrair pessoas que voluntariamente topem participar de pesquisas pelo smartphone, durante seu tempo livre. Em troca, recebem pontos e também créditos em dinheiro, que podem ser resgatados em conta corrente sempre que ultrapassarem R$ 50. Para ajudar na segmentação dos respondentes, o PiniOn requer o preenchimento de um cadastro. É possível também se autenticar pelo Facebook, o que proporciona ainda mais dados sobre a pessoa para o sistema. E as próprias pesquisas realizadas pelo PiniOn vão gerando mais informações sobre cada usuário, o que pode servir para segmentações futuras. "Para uma pesquisa sobre esporte e tecnologia posso pegar somente pessoas que tenham participado antes de uma pesquisa sobre smartphones e outra sobre futebol", exemplifica Grinberg.

No app, cada pesquisa é chamada de "missão". Há missões virtuais, que podem ser respondidas de qualquer lugar, pelo aplicativo. E há missões reais, que exigem o deslocamento do usuário e o envio de fotos. As missões virtuais são geralmente pesquisas de opinião. As reais, por sua vez, podem ser pesquisas de monitoramento de pontos de venda, solicitando que o voluntário entre em um determinado estabelecimento comercial e tire foto de certo produto na prateleira. Os locais das missões reais mais próximas do usuário aparecem em um mapa no app. "Houve o caso de um usuário de Curitiba que juntou R$ 60 em apenas um dia, realizando várias missões reais na cidade", relata Grinberg. O recorde de arrecadação até agora foi de uma pessoa que juntou R$ 190.

O PiniOn também pode ser utilizado para pesquisas de microetnografia. O executivo cita como exemplo um pedido para que as pessoas tirem uma fotografia do que têm dentro de suas geladeiras naquele momento. Trata-se de uma pesquisa muito mais fácil de ser feita com um smartphone, pois seria difícil convencer as pessoas a deixarem um pesquisador entrar em suas casas para fotografar suas geladeiras.

Cada pesquisa demora em média uma semana para ser concluída. Os preços variam de acordo com a quantidade de respondentes solicitada pela marca. Para pesquisas de monitoramento de pontos de venda, o uso do PiniOn costuma ser mais barato do que contratar um firma tradicional que enviaria seus próprios pesquisadores aos locais. Empresas de grande porte dos setores automotivo, farmacêutico e de calçados, dentre outros, já usaram o serviço. Um cliente cujo nome pode ser citado é a empresa de pesquisas Hibou, que fez um levantamento sobre hábitos musicais dos usuários de iPhone divulgado recentemente por MOBILE TIME.

Expansão

O PiniOn será exportado para Android em julho. Outra novidade será a criação de um site para que os clientes possam encomendar sozinhos suas pesquisas. "Hoje sou eu quem cuida disso. Trato das contas estratégicas. Mas para a cauda longa precisaremos automatizar o processo", explica Grinberg. Parte do investimento recebido será usado para essa finalidade.