O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), José Jorge Nascimento, defendeu uma redução imediata da taxa Selic de 0,75 ponto percentual. A taxa é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Além disso, pediu um trabalho dos bancos para democratizar o acesso ao crédito, tanto para empresas quanto para consumidores, com intuito de incentivar o crescimento sustentável do consumo no Brasil.

Nascimento acredita que reduzir a taxa Selic “de forma abrupta” neste ano poderia dar um revés ruim de imediato, como o aumento da inflação. Por isso acredita que 0,75% é razoável: “Defendemos a redução da taxa de juros com responsabilidade. Não pode ser de imediato 3%, pois pode gerar inflação. Mas ano que vem, chegar em julho com 8% a 6%, é razoável. Mas precisa ser iniciado agora”.

O presidente da Eletros afirmou que, caso o governo e o setor façam sua parte, os bancos também precisam “fazer sua parte” e reduzir as taxas e dar acesso ao crédito para consumidores e fabricantes. Sem isso, Nascimento compara a possível redução da Selic a “enxugar gelo”, algo que não vê mais possível no mercado que ainda sofre com os efeitos da macroeconomia local e global.

Lembra ainda que o crédito é importante para venda de produtos mais caros, como geladeiras, fogões, máquinas de lavar e TV. Com pouco crédito e juros altos, o consumidor deixa de comprar esses produtos. Por outro lado, Nascimento explica que os juros e a falta de crédito não impactam a indústria de eletroportáteis, pois seus valores são menores.

Resultados

De acordo com resultados apresentados pela associação nesta segunda-feira, 10, o setor de eletroeletrônicos (linha branca, marrom, eletroportáteis e ar-condicionado) voltou a crescer no primeiro semestre de 2023 em 13%, com 44 milhões de peças produzidas ante 39 milhões de um ano atrás. No primeiro semestre do ano passado houve uma queda de 15%. Nascimento explica que 2022 foi “o retrocesso de uma década” na produção da indústria de eletroeletrônicos. E que em 2023 o patamar “ainda está abaixo de 2019”, pré-pandemia.

Afirmou ainda que o crescimento no primeiro semestre deste ano é bom, mas está comparado “a um período ruim” de 2022.

Dito isso, o representante não enxerga o crescimento de 2023 como um reaquecimento da economia, pois pode ser apenas reabastecimento para comércio após Black Friday, Natal, Copa do Mundo em 2022 e mais recentemente Dia das Mães deste ano. A visão se é um reaquecimento ou reabastecimento virá apenas em setembro. Ainda assim, Nascimento estima que, se o segundo semestre mantiver sua média histórica, haverá um crescimento de 4% a 6%.