No terceiro trimestre, pela segunda vez consecutiva, o mercado de smartphones encerrou em queda no Brasil, informa a IDC. De julho a setembro deste ano, aproximadamente 10,75 milhões de celulares inteligentes foram vendidos, 25,5% a menos na comparação com o mesmo período do ano passado. Somando com a categoria dos chamados feature phones (aparelhos convencionais), foram cerca de 11,71 milhões de dispositivos comercializados, 35% a menos do que no terceiro trimestre de 2014. Os números constam no estudo IDC Brazil Mobile Phone Tracker Q3, realizado pela IDC Brasil.

Para Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil, os números confirmam as dificuldades do mercado e invertem dados históricos: normalmente, o trimestre mais fraco em termos de vendas é o primeiro, mas, neste ano, deverá ser o quarto.

"Assim como no segundo trimestre, novamente os estoques continuam altos e os varejistas e fabricantes fazendo promoções para conseguir vender. Estamos voltando ao patamar de 2013. A última vez em que as vendas ficaram abaixo de 11 milhões de unidades foi no terceiro trimestre daquele ano”, afirma o analista.

Nem as datas comemorativas têm dado fôlego às vendas. Segundo Munin, pela primeira vez houve fabricantes que não participaram diretamente da Black Friday. "A data certamente aqueceu as vendas, o desempenho será melhor que o do Natal, mas não o suficiente para recuperar o volume do ano", avalia.

Além das questões relacionadas à alta do dólar e do baixo desempenho da economia, o analista da IDC Brasil atribui o aumento do ciclo de vida dos smartphones — devido às melhorias nas especificações técnicas — como uma das razões para a queda nas vendas. Segundo ele, o usuário levava cerca de um ano e seis meses para adquirir um novo aparelho. Hoje, o interesse pela troca permanece, porém, o que se vê é que a compra tem sido cada vez mais postergada.

Apesar da queda em número de unidades vendidas, os dados da IDC revelam que houve crescimento de 1,7% na receita no terceiro trimestre, com aproximadamente R$ 9,9 bilhões. "Hoje há equipamentos mais robustos, com recursos mais sofisticados e, consequentemente, mais caros", explica Munin. O tíquete médio passou de R$ 790 no primeiro trimestre de 2015 para R$ 925 no terceiro. Outro dado apresentado pelo analista mostra que 46% das vendas – quase 5 milhões de smartphones — foram de aparelhos compatíveis com a rede 4G.

A expectativa da IDC Brasil é que o mercado de smartphones termine 2015 com baixa de 12,8%, com 47,575 milhões de celulares inteligentes comercializados. Já o mercado total de celulares deve cair 26,8% frente a 2014. Em relação ao fim da MP do Bem, Leonardo Munin avisa: "Assim que o fim da isenção de impostos começar a valer, o preço final dos produtos deve ficar 10% mais caro na ponta e refletirá  diretamente no desempenho das vendas. Para 2016, nossa projeção é de queda de ao menos 8%, com aproximadamente 43,8 milhões de smartphones comercializados".