A Nintendo entrou no mercado mobile com o pé direito. Depois de adiar esse movimento por alguns anos, o que gerou críticas de investidores, a tradicional empresa japonesa de videogames lançou na quarta-feira da semana passada,  6, o Pokemon Go (Android, iOS), seu primeiro jogo móvel, por enquanto apenas nos EUA, Austrália e Nova Zelândia. E logo bateu recordes e se tornou o lançamento de maior sucesso da história do mercado de jogos móveis até o momento.

Em apenas 13 horas ele virou o aplicativo mais baixado e também o que gera maior receita na App Store nos EUA. O recorde até então pertencia ao game Clash Royale, que levou dois dias para atingir a façanha e precisou de milhões de dólares em investimento em marketing – ao que consta, a Niantic, empresa responsável pelo desenvolvimento do jogo e da qual a Nintendo é uma das acionistas, fez um investimento significativamente menor. O sucesso também aconteceu entre usuários de Android: em quatro dias o Pokemon Go passou a liderar o ranking de downloads e chegou à segunda posição em receita da Google Play nos EUA, de acordo com a App Annie. O antigo recordista, o mesmo Clash Royale, havia levado sete dias para atingir a liderança.

Apesar de estar presente em apenas três mercados, Pokemon Go está gerando com certeza mais de US$ 1 milhão por dia para seus criadores, estima Fabien Pierre-Nicolas, vice-presidente da App Annie, em posicionamento enviado por email para MOBILE TIME. Com a entrada no resto do mundo ele projeta que o game pode facilmente superar a marca de US$ 1 bilhão de receita por ano.

A firma de análise SimilarWeb estima que Pokemon Go está instalado agora em 5% dos devices Android dos EUA. Seus usuários estão passando por dia 43 minutos em média jogando Pokemon Go, o que significa mais tempo do que passam com WhatsApp ou Instagram. E em termos de usuários únicos por dia já estaria próximo de ultrapassar o Twitter.

Com a limitação a apenas três mercados, rapidamente o APK (arquivo de execução do jogo) se espalhou por outras fontes de download para que pessoas do resto do mundo pudessem jogar. Logo, qualquer estimativa de base mundial tendo como fonte os dados da App Store e da Google Play estará abaixo da realidade.

O sucesso foi tão grande que os servidores saíram do ar. O editor de MOBILE TIME conseguiu baixar o game na tarde desta segunda-feira, 11, mas ainda não conseguiu jogá-lo, pois na primeira tela aparece a mensagem de que os servidores  estão "enfrentando problemas". Ou seja: nem mesmo a Nintendo esperava tamanho sucesso.

Os efeitos sobre as ações da Nintendo na bolsa de Tóquio foram imediatos. O papel da companhia registrou alta de 25% nest segunda-feira, 11, a maior valorização de sua história desde que começou a ser vendido, em 1983.

Vendas in-app

Pokemon Go mistura coleção de itens com realidade aumentada e geolocalização. Seus usuários são estimulados a andar por sua cidade em busca de Pokemons para a sua coleção. Uma vez coletados, os bichinhos precisam ser treinados para evoluírem. É aí que a empresa ganha dinheiro: há caminhos mais rápidos para que os pokemons evoluam, mediante a compra de itens dentro do jogo.

Análise

O sucesso de Pokemon Go chacoalha o mercado mundial de games móveis, cujos rankings eram dominados há anos pelos mesmos títulos: Candy Crush Saga e Clash of Clans. Na prática, ficam provadas duas coisas: 1) marcas de renome da era dos videogames de console são um ativo extremamente valioso e que precisa ser mais bem explorado no mobile; 2) os jogadores móveis não querem apenas jogos casuais, como Candy Crush Saga, ou de estratégia, como Clash of Clans: há espaço para que títulos de outros gêneros e com novas tecnologias sejam igualmente bem-sucedidos