A Foxconn, principal fabricante em regime de terceirização do iPhone da Apple, anunciou nesta sexta-feira, 12, a conclusão da compra da fabricante japonesa de eletrônicos Sharp, por US$ 3,8 bilhões. A companhia taiwanesa também aproveitou para anunciar a saída do presidente-executivo da Sharp, Kozo Takahashi, que será substituído por Tai Jeng-wu, braço-direito do presidente da Foxconn, Terry Gou. Em comunicado, ela disse que seu conselho de administração se reunirá neste sábado, 13, para nomear o novo executivo-chefe.

O desfecho do negócio atrasou e só começou a tomar forma no início deste ano por causa das grandes perdas da Sharp. A Foxconn, que se especializou na montagem de produtos como o iPhone, viu na companhia japonesa a oportunidade de diversificar sua atuação no mercado para produtos eletrônicos e construir um negócio maior com a Apple, já que a Sharp fornece displays para os principais fabricantes de smartphones do mundo, incluindo a dona do iPhone.

A demora em fechar o negócio ocorreu também porque, depois que as partes chegaram a um acordo sobre as condições gerais do contrato no fim de março, as autoridades de defesa da concorrência chinesas decidiram fazer uma revisão na operação, que se arrastou por mais tempo do que o esperado. Pequim finalmente deu o sinal verde para a transação na quinta-feira, 11.

Com o negócio concluído, analistas avaliam que a fusão de duas culturas corporativas muito diferentess pode ser um desafio, principalmente para os funcionários da Sharp, que terão que se adaptar ao ambiente de "exército" da controladora taiwanesa. Terry Gou tem obtido sucesso na melhoria da rentabilidade da joint-venture que mantém com a Sharp no Japão para produção de displays.

A Sharp produz eletrônicos, tais como fornos de micro-ondas, purificadores de ar e, mais recentemente, um híbrido de robô e smartphone chamado Robohon. Mas suas finanças sofreram uma forte erosão nos últimos anos porque se tornaram muito dependentes de painéis de display, que passaram a enfrentrar concorrência de preços das rivais sul-coreanos e chineses.

A situação só foi amenizada porque a Sharp obteve linhas de crédito de US$ 1,5 bilhão dos seus principais credores, o Mitsubishi UFJ Financial Group e o Mizuho Financial Group. Os empréstimos foram solicitados pela Foxconn como uma exigência do acordo de aquisição pela Foxconn.