O think-tank de saúde digital Arca apresentou as suas primeiras ações nesta sexta-feira, 12. Uma delas é o projeto Sinais, que visa o uso da inteligência artificial (IA) para auxiliar no diagnóstico de câncer de pulmão em cinco hospitais da cidade de São Paulo.
Por meio de edital, os seguintes hospitais foram escolhidos para testar a tecnologia:
- Santa Catarina;
- Santa Paula;
- 9 de Julho;
- Samaritano Higienópolis;
- HCor.
De acordo com Eduardo Giacomazzi, head de inovação da Arca, as instituições vão receber a IA. Essa tecnologia é alimentada por dados dos próprios hospitais para prever diagnóstico de câncer de pulmão em estágio inicial, uma doença que causa a morte de 30 mil pessoas por ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
“Os hospitais vão poder ajudar a validar essa ferramenta, ao entender sobre a acurácia, mas, sobretudo, para entregar ao paciente a possibilidade de um diagnóstico ainda mais precoce, utilizando inteligência artificial”, explicou o especialista. “É uma tecnologia que vem para adicionar valor aos diagnósticos atuais em câncer de pulmão”, completou.
Ao todo, o projeto durará um ano. Mas valerá apenas para exames realizados a partir de sua instalação, ou seja, a IA não funcionará para os anteriores.
Arca
Lançada com a presença da secretária de informação e saúde digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, nesta sexta-feira, 12, a iniciativa Arca é um think-tank voltado à saúde. Haddad colocou sua pasta à disposição para o diálogo junto à indústria, além de apresentar um panorama da saúde digital no Brasil. De acordo com Larissa Eloi, general manager do local, este espaço físico que fica no coração da Faria Lima, em São Paulo, tem como três pilares de discussão as políticas públicas, a inovação e o acesso, sempre com foco em pessoas.
Além da IA, uma das ações em curso será uma confraria para profissionais de relação governamental se aproximarem do governo para entender suas nuances e explorar novas oportunidades de mercado. Algo que acontecerá em dez encontros e envolverá visitas de políticos, executivos e servidores. Trazendo líderes da indústria da saúde para discutir os seus próximos passos, o local espera juntar governo, academia e indústria. Inicialmente, a Arca nasce fundada por Amil, Rede D’Or, Mevo e Galileu, mas, em breve deve ter mais parceiros do setor de saúde e um player do setor de cloud computing.
“Estamos desenhando um projeto com uma empresa de nuvem, uma das big techs. O intuito é que a gente comece a trabalhar os nossos dados com o uso de inteligência artificial para mapeamento epidemiológicos e correlações”, revelou Giacomazzi.
Transformação digital
Para Francisco Balestrin, médico e presidente do conselho estratégico do think-tank, o espaço físico e institucional da Arca servirá para gerar discussões, respostas, perguntas e estudos (white papers) para contribuir com temas de saúde para a sociedade brasileira. Um desses temas é a transformação digital no setor da saúde privada e pública.
Em conversa com Mobile Time, Giacomazzi explicou que a Arca pretende entender os desafios e as dores da inovação. Isso engloba todas as partes da indústria da saúde, como governo, prestadores de serviços e os pagadores. Afirmou ainda que muitos dos fundadores têm caminhado na intenção de buscar novas tecnologias, mas também querem colocar à mesa a discussão sobre a formação dos profissionais da saúde, que precisam de letramento em inteligência artificial.
Desafios e temas
Entre os temas que são esperados para a discussão na Arca estão a soberania de dados e o uso de compras públicas para inovação, assim como abordar barreiras na inovação na saúde para avançar com o uso da tecnologia no combate à dengue, futuras pandemias e desenvolvimento de novas terapias.
“No eixo da inovação, nós queremos entender o quanto isso vai impactar o acesso à saúde. Ao mesmo tempo, como que eu trago as empresas da era da internet e as farmacêuticas para promover acesso a partir das suas próprias pesquisas e tecnologias? Em política pública, nós queremos ser um braço de políticas para associações que tenham pautas transversais, como educação e profissionais de relações governamentais para pensar em políticas mais integradas”, detalhou o head de inovação.
“Mais do que entender quais são as agendas, o que estamos buscando é entender onde estão esses pontos de integração para que a gente possa reunir as pessoas. E, aí sim, vamos conseguir desenvolver projetos e a tecnologia entra como um subefeito dessa história”, completou.
Imagem principal: Francisco Balestrin, presidente do conselho da Arca e Ana Estela Haddad, secretária do Ministério da Saúde (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)