A norte-americana Syntonic, que adquiriu a divisão de serviços de valor adicionado da Zenvia este ano, nomeou o executivo Ricardo Cidale como seu diretor geral para o Brasil. Ele já atuava na Syntonic como vice-presidente de vendas para as Américas e acumulará as duas funções. Cidale, que já ocupou cargos executivos em empresas como RealNetworks, Compaq Computer Corporation e Dell Technologies, vai se reportar diretamente ao CEO da Syntonic, Gary Greenbaum. Em entrevista por email com Mobile Time, ele comentou um pouco mais dos planos da Syntonic para o Brasil.

Mobile Time – Quais são os planos da Syntonic para o Brasil em 2019?

Ricardo Cidale – Temos algumas metas já definidas para 2019. São elas: 1) Terminar a fusão com a divisão de Serviços de Valor Agregado da Zenvia; 2) Renovar o relacionamento com as operadoras; 3) Aproveitar a onda de direct carrier billing (DCB) via App Store da Google para rebalancear o modelo de receita com operadoras e provedores de conteúdo; 4) Incorporar sponsored data e data rewards na linha de produtos oferecidos no Brasil; 5) Expandir o time local, incluindo equipes voltadas para América Latina; 6) Criar um centro de tecnologia em São Paulo ou Porto Alegre, com desenvolvimento e inovação originais. 

Ricardo Cidale, diretor geral da Syntonic no Brasil

E quais os principais desafios, na sua opinião?

Acredito que o principal desafio que enfrentaremos será o de formar times virtuais especializados em direct carrier billing e também nos mercados de sponsored data + advertising. Além de implementar as tecnologias da Syntonic, essa equipe terá a capacidade de aprimorá-la para os múltiplos mercados no Brasil. 

A equipe da Zenvia já foi toda integrada? Qual é o tamanho da equipe? 

Ainda não concluímos a integração. O processo é complexo, pois a Syntonic não é uma empresa somente de Serviços de Valor Agregado (VAS).  O VAS puro não nos interessa.  O modelo somente funciona se adicionarmos sponsored data e advertising, e para isso a equipe precisa ser treinada e expandida.  Temos 15 pessoas hoje dedicadas ao Brasil (a maioria brasileiros e locais), que estão em São Paulo e Porto Alegre.  

O escritório principal ficará em São Paulo?

Gostamos da combinação de Porto Alegre com São Paulo. Entretanto, as áreas de Negócios e Inteligência de Mercado devem permanecer em São Paulo.

Quanto pretende investir no Brasil em 2019? Qual será a prioridade de investimento?

Já investimos um bom dinheiro no Brasil. Dado o fato de que continuamos gerando receita localmente, o investimento previsto virá do reinvestimento e injeções associadas com inovação e ajustes nos produtos. Devemos investir também em adequar esta combinação de produtos para poder exportar.

Qual a previsão de receita para o Brasil em 2019?

Somos uma empresa pública, então não divulgamos este tipo de dado.

Que tipo de serviços e/ou produtos acredita que fazem mais sentido vender via carrier billing? Por quê?

Vemos o DCB como sinal de confiança em termos de método de cobrança. As operadoras, em geral, têm a confiança do usuário.  Isso é o mais importante em mercados onde bandeiras de cartão de credito ainda não estão tão presentes na carteira da população. A Syntonic vai reforçar este fato ao invés de reinventar a roda. Para que funcione, o DCB tem que mudar um pouco, principalmente no que tange a revenue share com as operadoras. Melhor revenue share significa mais e melhores produtos que podem ser comercializados e fidelizados. 

Muitos projetos de carrier billing não saem do papel por causa da inflexibilidade das operadoras em reduzir seu share. Como pretende convencê-las?

Tentando. Tenho uma longa carreira de receber “Nãos”.  A cada “não” que recebi, aprendi alguma coisa, inclusive quando o “não” é “não”. No lado da Syntonic e da nossa estratégia “Back to the Future” de DCB, estou convencido que vamos achar uma maneira de obter um número de sucessos que mostrarão àqueles que não quiseram tentar que existe, sim, uma maneira de somar DCB, conteúdo melhor, sponsored data e inventário adicional de advertising e ganhar mais, retendo mais, com um revenue share diferente.  É o novo e velho conceito de um pedaço menor de uma pizza muito maior, e com mais ingredientes.  E no Brasil, que tem a melhor pizza do mundo!