Após a explosão de aplicativos e agora com a promessa do crescimento dos bots em apps de comunicação pessoal, a navegação Web para dispositivos móveis poderia estar em segundo plano na agenda das empresas, mas não para o Google. A empresa tem investido na otimização da navegação em sites móveis, incluindo aceleração de conteúdo promovida por tecnologia própria, e agora promove também a utilização de aplicativos Web progressivos (PWA, na sigla em inglês), produto lançado em dezembro do ano passado. Segundo o diretor de parcerias de produto do Google para a América Latina, Newton Neto, a iniciativa já dá resultado para as empresas que a adotaram.

Para o site de e-commerce indiano Flipkart, por exemplo, depois de cinco meses no ar em fase experimental, o engajamento aumentou três vezes, resultando em 210 segundos de tempo de visita no site. Além disso, o PWA gerou crescimento de mais de 70% de conversão dos usuários que instalaram o site como um Web App em seus smartphones com um atalho na tela inicial. Além disso, 40% dos visitantes retornam semanalmente. "A ideia é ter conteúdo, porque quando você traz o usuário, tem que encontrar maneiras de engajar", afirmou ele durante fórum da Mobile Marketing Association (MMA) nesta quarta, 13, em São Paulo.

Resultado parecido foi conseguido com a loja canadense de roupas Beyond the Rack. Com as notificações ligadas, conseguiu aumento de 72% no tempo despendido na loja. Além disso, um crescimento de 26% no tíquete médio do consumidor.

Além da comodidade de contar com um site que se comporta como aplicativo, inclusive com cache de imagens e notificações para o usuário, a navegação acaba se tornando mais rápida e suave (em 60 quadros por segundo). A premissa é baseada em uma pesquisa da comScore do ano passado que afirma que 40% dos usuários abandonam o site móvel se levar mais de 3 segundos para carregar. "A má notícia é que a maioria dos sites na América Latina e, principalmente no Brasil, levam muito mais do que três segundos", declara Neto. O PWA atualmente é compatível com smartphones Android e navegadores Chrome, Opera e, em breve, com o Firefox.

Concorrência

O fato é que a navegação Web em dispositivos móveis não pode ser desprezada. O CEO do site de imóveis ZAP, Eduardo Schaeffer, afirma que atualmente mais da metade (52%) da audiência é em dispositivos móveis, número que cresceu especialmente nos últimos dois anos. "O app ainda é 10% ou 11% do total (de visitas), mas quem sabe a gente não passe muito esse ano", declara. "Compensa no total (investir no mobile), apesar ter conversão um pouco menor".

Schaeffer explica, no entanto, que a maior concorrência não é entre Web Apps e aplicativos, ou entre o smartphone e mídias tradicionais. "O grande opressor de uma jornada (do consumidor no processo de compra) é o próprio telefone", afirma, ressaltando a quantidade de notificações que surgem de outros aplicativos, especialmente de redes sociais e de mensagens. "A navegação no telefone é completamente randômica. Em cinco segundos você já está em uma coisa completamente diferente. A concorrência é muito ferrenha."