Cerca de 50 milhões de eleitores brasileiros já tiveram seus dados biométricos cadastrados pela Justiça Eleitoral. São coletadas as impressões digitais dos dez dedos das mãos, além de foto do rosto para reconhecimento facial. Cada nova pessoa cadastrada tem seus dados confrontados com a base existente. Nesse processo, já foram encontradas 22 mil duplicidades. "Houve, inclusive, um caso emblemático em Goiás de um cidadão com 51 títulos eleitorais, 51 identidades e 51 CPFs", relata Giuseppe Janino, secretário de tecnologia da informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Muitas vezes as duplicidades estão associadas a outros golpes que não apenas de ordem eleitoral. Um dos mais comuns é a obtenção de benefícios de programas sociais, como o Bolsa Família. "Nosso cadastro de eleitores é o maior cadastro biométrico da América Latina e um dos mais confiáveis do País. Garantimos precisamente a identificação do cidadão. E temos parceria com o Tribunal de Contas da União para a verificação de potenciais fraudes", diz Janino.

Nas eleições deste ano, em que estão proibidas as doações por empresas, a Justiça Eleitoral fará cruzamento dos dados de doadores com outras bases, como beneficiários do Bolsa Família, ou desempregados, o que pode ser um indício de fraude. Está sendo verificado também o uso de CPFs de pessoas falecidas nessas doações.

Biometria

A captura e a verificação de dados biométricos são cada vez mais realizados através de dispositivos móveis, como smartphones e tablets. No caso da Justiça Eleitoral, ainda não houve a adoção da tecnologia móvel para essa finalidade porque a captura dos dados precisa ser presencial, assim como o voto em si. A Constituição define que o voto deve ser sigiloso e que o eleitor não pode ser coagido, condições que, a princípio, só podem ser asseguradas com votação presencial.