O fenômeno da segunda tela, que casa a utilização das mídias sociais com um programa de TV, começa a entrar aos poucos na vida das pessoas. No Brasil, temos exemplos em programas como Big Brother Brasil, Masterchef e partidas de futebol, em especial no Twitter e Facebook.

No entanto, a Argentina dá um passo adiante e começa a utilizar os aplicativos para dispositivos móveis com regularidade e em grande escala. É o que afirma Alfonso Amat, CEO da companhia argentina I am at, que disponibiliza plataformas de tecnologias para canais de TV e que consegue, a uma média de 2 milhões de acessos e 200 milhões de minutos de uso por mês em apps das três principais redes portenhas.

“Hoje temos dois tipos de segunda tela. Quando agrega e quando não agrega valor ao usuário. É preciso diferenciar  a segunda tela,com uma experiência única para audiência, algo útil para eles”, disse Amat. “Cada vez mais se consome conteúdo através de dispositivos móveis. O modo de consumir conteúdo também vai continuar mudando, como agora, ao migrar das redes sociais para os apps”.

Além de Facebook e Twitter, ele cita os casos de Snapchat e Instagram, ferramentas que gerações mais jovens estão acostumadas a utilizar. No entanto, Amat indica que o mais importante não é usar as redes sociais, mas saber contar histórias (storytelling).

Storytelling

Um dos exemplos de boa interação de segunda tela com storytelling foi o caso de uma novela para o público infanto-juvenil exibida pelo canal Telefe na Argentina. Microepisódios de oito minutos eram exibidos na web durante a semana, em paralelo à programação normal. Aos domingos, os capítulos da novela eram compilados em um só e exibidos na Telefe. Ao término do capítulo, os usuários podiam jogar um quiz pelo app do programa e ver os comentários nas redes sociais.

“Estamos em uma transformação muito profunda. Temos acompanhado o hábito de consumir conteúdo e de jogos dos usuários”, explicou o executivo argentino, durante uma breve entrevista ao MOBILE TIME após sua palestra no evento de mídia, Mediaforsis, em São Paulo.

Futebol, BBB e Sherlock

Com atuações em canais como Telefe, EI e America, a empresa de Alfonso Amat busca na Argentina outras formas de interagir com o telespectador. Um dos exemplos foi o aplicativo para o Big Brother argentino, o Gran Hermano, que foi criado em parceria com a Endemol, o app do programa ajudou a aumentar a audiência do canal América.

“Quando nascemos como companhia, nascemos como companhia de tecnologia. Mas hoje estamos muito próximos dos produtores. Tentamos trabalhar em conjunto com produtores. Estudamos as estratégias e preparamos para entregar da melhor maneira possível”, afirma o especialista argentino.

No entanto, o principal case de sucesso são os apps do futebol argentino. Dos 2 milhões de acessos por mês, 1,4 milhão são obtidos em partidas do campeonato de futebol argentino. Além de interagir em tempo real com informações e estatísticas da partida, o app também adiciona fotos e mostra os principais tuites de destaque sobre o jogo.

Ainda sem projetos para o Brasil, Alfonso Amat revelou qual é o melhor exemplo de segunda tela que viu, a série “Sherlock” exibida pela britânica BBC. “No Sherlock, toda a história tinha uma segunda tela muito agradável. Ele foi pensado desde o princípio da série”, disse com empolgação. “Tinha participação dos atores em tempo real e um game. Fez parte realmente da produção da série”.