A Anatel confirmou a Mobile Time nesta segunda-feira, 15, que a Claro assinou um contrato de representação de serviço de móvel pessoal (SMP) credenciado como MVNO para a empresa ‘Nucommerce’, a partir do despacho 33/2024/CPRP/SC da agência.
Em outras palavras, a Claro entrou com um pedido para credenciar a MVNO do Nubank, como adiantado pelo Tecnoblog no último dia 11 de abril. As duas empresas envolvidas foram procuradas por esta publicação, mas preferiram não comentar a investida.
Entenda
De acordo com cadastro na Jucesp, os administradores da Nucommerce são todos do Nubank, como: o CFO do banco, Guilherme Marques do Lago; Arthur Valadão, VP do NuPay; e Alessandro Prado, diretor de controladoria do banco. Criada em 2021, a empresa teve cinco mudanças de natureza e sócios, a última delas em 20 de março deste ano.
Atualmente, a Nucommerce tem um endereço comercial um prédio na zona oeste de São Paulo, ao lado do Parque Villa-Lobos, longe da operação original do banco, que fica na região da Avenida Rebouças. O capital da empresa está avaliado em R$ 227 milhões.
O seu objeto de negócio aparece como:
- Atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral, exceto imobiliários;
- Desenvolvimento e licenciamento de programas de computador customizáveis;
- Consultoria em tecnologia da informação;
- Portais, provedores de conteúdo e outros serviços de informação na Internet;
- Outras sociedades de participação, exceto holdings;
- Existem outras atividades.
Ainda não se sabe se a oferta de MVNO do Nubank será para B2B, B2C ou ambos. Mas é importante dizer que uma das atribuições de Valadão no NuPay é atender o mercado de PMEs com ofertas de adquirência. O CNPJ do Nucommerce aparece ainda em um manual do banco para faturamento de notas fiscais aos fornecedores, sem descrever sua natureza. Mas não aparece na operação do Nubank Shopping, nem no descritivo do site, nem nos termos de adesão do app.
Análise
Em quantidade de clientes, o Nubank consegue rivalizar com os bancos tradicionais do Brasil, pois possui dezenas de milhões de usuários. Seu sucesso se deve, em grande medida, à usabilidade do seu aplicativo, em contraste àquela dos concorrentes, e à oferta de serviços financeiros a preços acessíveis ou simplesmente gratuitos – cartão sem anuidade e conta corrente sem taxa de manutenção, por exemplo. E o Nubank tem uma vantagem em telecomunicações que pouco se comenta: ele é hoje um dos maiores canais de venda de recargas do Brasil, de acordo com fontes das próprias operadoras. Os brasileiros compram suas recargas pelo app do Nubank porque é fácil e porque já pagam ali mesmo com o saldo em conta.
Historicamente, as margens das MVNOs são baixas, o que dificulta a operação de quem se aventura nesse segmento. Contudo, os fatores listados acima (base gigante de clientes; usabilidade do app; e liderança em recargas) conferem ao Nubank uma posição vantajosa para negociar condições melhores que a média junto a qualquer operadora – bola dentro para a Claro.
A escolha da Claro, aliás, pode ter sido motivada pela estratégia internacional do Nubank. Nos dois mercados fora do Brasil em que o Nubank opera, a saber, México e Colômbia, a Claro é a operadora líder em market share, com as marcas Telcel e Claro Colômbia, respectivamente.