Imagine usar um único app em seu smartphone para passar na roleta de metrôs, trens e ônibus do mundo inteiro. O mesmo app se encarrega de fazer a cobrança em seu cartão de crédito, enquanto registra seu histórico de viagens, além de calcular rotas e ensinar que linhas você deve pegar para chegar ao seu destino em cada cidade. Este é o sonho da Aliança Aberta de Tíquete Móvel (OMTA, na sigla em inglês), criada esta semana e que conta como membros fundadores as empresas Here, Verifone Mobile Money, Thales e Schedit & Bachmann. A proposta da OMTA é criar os padrões necessários para o nascimento de um serviço interoperável mundial de tíquete móvel de transporte público. A organização está aberta para receber novos membros e espera ter os primeiros produtos criados com seus padrões lançados até o final deste ano.

A OMTA prevê um modelo de negócios com cinco participantes: 1) o passageiro e seu smartphone; 2) o operador do serviço de transporte público; 3) o serviço de pagamento digital, responsável pela cobrança; 4) o provedor de identificação do usuário (pode ser Facebook, Google, Yahoo etc); 5) o desenvolvedor do app, que fará a intermediação entre todos esses entes. Para funcionar, as operadoras de transporte público interessadas em participar precisarão se adequar aos padrões que forem definidos pela OMTA, assim como os desenvolvedores de apps. É provável que o Here inclua essa funcionalidade dentro do seu app, por exemplo, mas quaisquer outros desenvolvedores poderão fazer o mesmo se seguirem os padrões da OMTA. O provedor do app se encarregará de verificar a validade da forma de pagamento escolhida pelo passageiro. Não está claro se haverá uma divisão de receita com este elo – talvez isso varie caso a caso, dependendo das negociações com as operadoras de transporte.

Do ponto de vista do usuário, a ideia é simplificar o acesso a transporte público ao redor do mundo. Através de um aplicativo instalado em seu smartphone, o passageiro fará uma única vez o seu registro, o que inclui uma autenticação pessoal (via Facebook ou preenchimento de cadastro, por exemplo) e a escolha de uma forma de pagamento (cartão de crédito, PayPal, débito em conta etc). Feito isso, seu smartphone passará a dar acesso aos meios de transporte cujos sistemas sejam compatíveis com os padrões da OMTA. Para tanto, bastará aproximá-lo da roleta. A comunicação será feita por aproximação (NFC). O aplicativo poderá indicar rotas e guardar o histórico de viagens feitas pelo passageiro (veja imagem acima).

Análise

Ou seja, em vez de ter que comprar tíquetes ou mesmo baixar aplicativos diferentes a cada cidade visitada, o passageiro passaria a usar um app único no mundo inteiro, com o conforto de controlar nele seu histórico de viagens em transporte público. Além do Here, vários outros aplicativos poderiam se interessar em integrar a OMTA e incluir a funcionalidade de tíquete móvel internacional, como Google Maps e Moovit. Resta ver se a OMTA será de fato aberta e aceitará concorrentes do Here. Outra barreira é a adaptação das roletas das operadoras de transporte público para a leitura de NFC, o que representa um custo com o qual nem todas querem arcar.