Cada Copa do Mundo costuma ser marcada por uma novidade tecnológica nas redes móveis ou no comportamento de seus usuários. Na avaliação de Marcos Scheffer, vice-presidente de redes da Ericsson, a Copa de 2014 no Brasil foi a “Copa da selfie” e a Copa de 2018, na Rússia, foi a “Copa do streaming. Ele diz isso com base nos dados da rede da operadora russa MTS, que registrou um aumento de 2,5 vezes no tráfego de streaming de vídeo dentro dos estádios e em seus entornos em comparação com o mesmo período logo antes do evento.

“A grande diferença entre as duas copas é que o tráfego de dados no Brasil era em cima de fotos, selfies especialmente. Foi a ‘selfie cup’. E na Rússia houve aumento significativo do streamig de vídeo no uplink. Foi a ‘streaming cup'”, comenta.

Vários fatores contribuíram para essa mudança, a começar pela inclusão de funcionalidades de streaming de video ao vivo em alguns aplicativos de redes sociais, como o Facebook. Outro fator é o aumento da resolução das câmeras dos smartphones. Scheffer estima que a transmissão em alta definição (HD) consuma o dobro de dados daquele m resolução padrão (SD). Em 2K demanda-se o dobro de HD. E em 4K, o dobro de 2K, diz o executivo. Como consequência, cresce a participação de vídeo sobre o total de dados móveis no mundo. Hoje, vídeo responde por 56% do tráfego total mundial e em 2023 será 73%, prevê a Ericsson.

Para dar conta desse aumento da demanda por vídeo, as redes móveis precisam se preparar. No caso da Copa da Rússia, a operadora MTS adotou a tecnologia Mimo 4×4 com beamforming em 40 sites nos estádios e seus entornos em sete cidades-sede. Isso fez aumentar em quatro vezes a velocidade de download na rede de sua rede. Os equipamentos foram fornecidos pela Ericsson.

Qatar

Scheffer projeta que a Copa do Qatar em 2022 será uma Copa imersiva, com a popularização de serviços de realidade aumentada e de realidade virtual. Para a transmissão de vídeos de 360 graus será necessário cinco vezes mais dados que um vídeo comum na mesma resolução. Ou seja, as operadoras terão que investir ainda mais em sua capacidade de transmissão. A expectativa é de que a Copa do Qatar seja também a primeira com redes 5G em operação comercial.