No acirrado mercado de jogos móveis, a inovação pode ser um caminho para conseguir se destacar. É por isso que alguns novos estúdios brasileiros de jogos móveis estão apostando suas fichas em títulos que envolvam realidade virtual, aproveitando o que deve ser a próxima onda no mundo dos games, afinal, gigantes como Facebook, Samsung e Google têm promovido essa tecnologia.

Na apuração realizada por MOBILE TIME para a realização de uma série de matérias sobre a produção de mobile games no Brasil, chamou a atenção o projeto Peronio, da OVNI Studios. Trata-se de um pop-up book interativo, dentro do smartphone ou tablet, com gráficos de alta qualidade e recursos de realidade aumentada e realidade virtual. O livro conta a história de Peronio, um garoto que não sabe bem o que será quando crescer e, a cada dia, imagina um futuro diferente para si mesmo. É possível entrar dentro do universo do personagem ao vestir um óculos de realidade virtual, como o cardboard do Google; ou enxergá-lo como parte da nossa realidade, através da câmera do celular, ao filmar um marcador previamente impresso. Neste último caso, dá até para interagir com a cena, "tocando" no boneco, como se fosse um holograma.

Peronio é um projeto que vem sendo feito há dois anos pela OVNI Studios, a partir da liderança de seus dois criadores: Renato Klieger, autor e ilustrador da história, e Tiago Moraes, desenvolvedor. Uma versão beta está no ar para Android e uma para iOS está prestes a sair do forno. A OVNI Studios está negociando há mais de um mês com Apple e Google para que Peronio seja recomendado pelos editores das duas lojas. Vários ajustes estão sendo feitos a pedido das duas companhias. É o mesmo caminho que fez a porto-alegrense Aquiris com seu bem-sucedido Horizon Chase.

Peronio será lançado em inglês e em português. Na versão beta hoje disponível, o modelo de negócios adotado é o freemium: o primeiro capítulo é gratuito, mas para acessar o livro todo é preciso pagar R$ 5. Se conseguir destaque nas lojas, a ideia é mudar para o modelo premium, com cobrar pelo download.

Junto com Peronio, a OVNI Studios desenvolveu uma plataforma para a criação de outros jogos ou livros com realidade aumentada e realidade virtual. Um novo projeto já está sendo elaborado.

"Tudo foi feito com recursos próprios. Fizemos muitos serviços de desenvolvimento para levantar capital e investir em novas tecnologias e nesse trabalho autoral", relata Moraes. "Já tivemos a opção de receber investimento de terceiros, mas não é muito a nossa filosofia. Preferimos ter a liberdade que alguns investimentos não nos dariam. Temos liberdade criativa e de negócios", justifica.

A OVNI Studios não é o único estúdio no Brasil a apostar em realidade virtual. O Naked Monkey, de São Paulo, segue o mesmo caminho. Depois de lançar alguns títulos para Android, iOS e Windows Phone, a empresa ainda tem uma parcela pequena do seu faturamento vindo de games, aproximadamente 10%. "O mercado de jogos está saturado. Por isso decidimos mudar para realidade virtual", explica Vinícius Vecchi, um dos fundadores do Naked Monkey. Um dos primeiros projetos da companhia nessa área deverá ser uma visita virtual a uma exposição no museu Catavento, em São Paulo. Também há planos de produzir campanhas de marketing com realidade virtual e jogos. "Pouca gente sabe fazer games com realidade virtual", comenta.

Série

Esta foi a última matéria da série produzida por MOBILE TIME sobre a indústria brasileira de games móveis. Veja abaixo os links para as outras matérias da série.